sábado, 17 de agosto de 2013
sexta-feira, 5 de julho de 2013
25 verdades sobre o caso Evo Morales/Edward Snowden
Salim Lamrani
Opera Mundi
O caso Edward Snowden foi a origem de um grave incidente diplomático entre Bolívia e vários países europeus. Depois de uma ordem de Washington, França, Itália, Espanha e Portugal proibiram o avião presidencial de Evo Morales de sobrevoar seu território.
1. Após uma viagem oficial à Rússia para assistir a uma reunião de países produtores de gás, o Presidente Evo Morales tomou seu avião para regressar à Bolívia.
2. Os Estados Unidos, pensando que Edward Snowden, ex-agente da CIA e da NSA, autor das revelações sobre as operações de espionagem de seu país, encontrava-se no avião presidencial, ordenou aos quatro países europeus, França, Itália, Espanha e Portugal, que proibissem o sobrevoo de seu espaço aéreo à Evo Morales.
3. Paris cumpriu imediatamente a ordem procedente de Washington e cancelou a autorização de sobrevoo de seu território, concedida à Bolívia em 27 de junho de 2013, enquanto o avião presidencial encontrava-se a apenas uns quilômetros das fronteiras francesas.
4. Assim, Paris colocou em perigo a vida do Presidente boliviano, que precisou fazer um pouso de emergência na Áustria, por falta de combustível.
5. Desde 1945, nenhuma nação do mundo impediu um avião presidencial de sobrevoar seu território.
6. Paris, além de desatar uma crise de extrema gravidade, violou o direito internacional e a imunidade diplomática absoluta do qual goza todo chefe de Estado.
7. O governo socialista de François Hollande atentou gravemente ao prestígio da nação. A França aparece ante os olhos do mundo como um país servil e dócil, que não vacila um só instante em obedecer às ordens de Washington, contra seus próprios interesses.
8. Ao tomar semelhante decisão, Hollande desprestigiou a voz da França no cenário internacional.
9. Paris também se transformou em objeto de riso no mundo inteiro. As revelações feitas por Edward Snowden permitiram descobrir que os Estados Unidos espionava vários países da União Europeia, entre os quais a França. Depois dessas revelações, François Hollande pediu pública e firmemente a Washington que parasse esses atos hostis. Não obstante, na prática, o Palácio do Elysée seguiu fielmente as ordens da Casa Branca.
10. Após descobrir que se tratava de uma informação falsa e que Snowden não se encontrava no avião, Paris decidiu anular a proibição.
11. A Itália, Espanha e Portugal também seguiram as ordens de Washington e proibiram Evo Morales de sobrevoar seu território, antes de mudarem de opinião ao interarem-se de que a informação não era verídica e permitirem ao Presidente boliviano seguir sua rota.
12. Antes disso, a Espanha até exigiu a revista do avião presidencial, violando todas as normas legais internacionais. “Isto é uma chantagem. Não vamos permitir por uma questão de dignidade. Vamos esperar todo o tempo necessário”, replicou a Presidência boliviana. “Não sou um criminoso”, declarou Evo Morales.
13. A Bolívia denunciou um atentado contra sua soberania e contra a imunidade de seu presidente. “Trata-se de uma instrução do governo dos Estados Unidos”, segundo La Paz.
14. A América Latina condenou unanimemente a atitude da França, Espanha, Itália e Portugal.
15. A União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) convocou, em caráter de urgência, uma reunião extraordinária após este escândalo internacional e expressou sua “indignação” mediante seu Secretário Geral, Ali Rodríguez.
16. A Venezuela e o Equador condenaram “a ofensa” e “o atentado” contra o Presidente Evo Morales.
17. O Presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, condenou “uma agressão grosseira, brutal, inadequada e não civilizada”.
18. O Presidente equatoriano Rafael Correa expressou sua indignação: “Nossa América não pode tolerar tanto abuso!”.
19. A Nicarágua denunciou uma “ação criminosa e bárbara”.
20. Havana criticou o “ato inadmissível, infundado e arbitrário, que ofende toda a América Latina e o Caribe”.
21. A Presidenta argentina Cristina Fernández expressou sua consternação: “Definitivamente estão todos loucos. O chefe de Estado e seu avião têm imunidade total. Não podemos permitir este grau de impunidade”.
22. Mediante a voz de seu Secretário Geral, José Miguel Insulza, a Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou a decisão dos países europeus: “Não existe circunstância alguma para cometer tais ações em detrimento do presidente da Bolívia. Os países envolvidos devem dar uma explicação das razões pelas quais tomaram esta decisão, particularmente porque isso pôs em risco a vida do primeiro mandatário de um País Membro da OEA”.
23. A Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) denunciou “uma flagrante discriminação e ameaça à imunidade diplomática de um Chefe de Estado”.
24. Ao invés de outorgar o asilo político à pessoa que permitiu descobrir que era vítima de espionagem hostil, a Europa, particularmente a França, não vacilou em criar uma grave crise diplomática com o objetivo de entregar Edward Snowden aos Estados Unidos.
25. Este caso ilustra que se a União Europeia é uma potência econômica, é um anão político e diplomático, incapaz de adotar uma postura independente dos Estados Unidos.
*Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor titular da Universidade de La Reunión e jornalista especialista das relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro se intitula The Economic War Against Cuba. A Historical and Legal Perspective on the U.S. Blockade, New York, Monthly Review Press, 2013, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
sexta-feira, 21 de junho de 2013
BRASIL INSURGENTE
BRASIL INSURGENTE
Professor da UFRJ e presidente da Adufrj-SSind, Mauro Iasi analisa o grito das ruas
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Entre a foice e o martelo
Marx vive
Pável Blanco Cabrera*
Se a obra de Marx se limitasse ao Manifesto do Partido Comunista ou a O Capital seria já uma realização gigantesca. Mas é muito mais ampla, porque nada de humano lhe era estranho; cada descoberta científica, cada argumento levantado por ele arma os explorados e todas as classes oprimidas contra os exploradores, contra a classe dominante, a classe burguesa. Estudar a sua obra integralmente, assimilar a dialéctica, é uma obrigação para os revolucionários que aspiram a mudar o mundo.
“A 14 de Março, às quinze para as três da tarde, deixou de pensar aquele que foi o maior pensador do nosso tempo. Deixámo-lo apenas dois minutos sozinho e, quando voltámos, encontrámo-lo dormindo suavemente na sua cadeira, mas para sempre.”
Friedrich Engels
As contribuições de Karl Marx são actuais; a sua obra, elaborada em conjunto com o seu íntimo camarada F. Engels, desenvolvida e enriquecida por V. I. Lenine, é o guia para a emancipação do proletariado e de toda a humanidade.
Marx foi um homem de teoria e acção; com ele, a dissociação entre ser e pensar, velho problema da filosofia, foi superada pela primeira vez, pois, como afirmou nas Teses sobre Feuerbach, não se trata apenas de interpretar o mundo, mas de transformá-lo.
A sua obra não se limita ao Manifesto do Partido Comunista, ou a O Capital, é muito mais ampla, porque nada de humano lhe era estranho; cada descoberta científica, cada argumento levantado por ele, arma os explorados e todas as classes oprimidas contra os exploradores, contra a classe dominante, a classe burguesa. Estudar a sua obra integralmente, assimilar a dialéctica, é uma obrigação para os revolucionários que aspiram a mudar o mundo.
Surpreende a actualidade da sua conclusão científica, ao estudar o modo de produção baseado na propriedade privada e no trabalho assalariado, de que o «sórdido segredo da exploração capitalista é a mais-valia».
O marxismo é o materialismo dialéctico, o materialismo histórico, a economia política, o socialismo científico, e deve ser integralmente assimilada pelos trabalhadores do mundo. Houve tendências positivistas, dogmáticas, mecanicistas, que, pondo de parte o materialismo dialéctico, corromperam a teoria revolucionária.
Marx integrou de forma contundente no seu trabalho a ditadura do proletariado, a violência revolucionária como parteira da história, a classe trabalhadora como sujeito da História, coveira do capitalismo. Quão surpreendente é que alguns dos que se dizem seus seguidores neguem qualquer um desses elementos essenciais. Marx voltaria a sua pena afiada contra esses “académicos” que o negam, que procuram suavizá-lo, convertendo-o em “teoria crítica”, anulando o seu carácter subversivo, partidário, determinado a não se deixar acorrentar às paredes da universidade. Que falácia a dos que querem limitá-lo a um democrata, um humanista, um sonhador. O Prometeu de Tréveris foi um homem de partido, um militante, um conspirador e escreveu, não para a carreira, não para obter um mestrado ou um doutoramento, mas para dar elementos à luta de classes. Não fez da academia o abrigo confortável, assumiu as consequências de ser revolucionário profissional: a perseguição, o exílio, a fome.
Quanto dano fazem aqueles que negam a teoria nos factos, esses pragmáticos que não têm a disciplina e a abnegação que o estudo e a produção teórica requerem, mas também aqueles que produzem uma “teoria” que não contribui nada, procurando emendar o marxismo-leninismo, que, pelo ego, procuram publicar textos ininteligíveis para a nossa classe. Há que enriquecer o marxismo, estreitamente vinculado ao conflito social, ao fortalecimento dos partidos comunistas, tendo em conta a evolução da ciência, as experiências do proletariado.
Marx e Engels sempre observaram a necessidade de o proletariado se tornar classe, mas também o carácter internacionalista da sua luta; a senha lançada no início da Revolução de 1848 está tão viva como sempre: Proletários de todos os países, uni-vos! Para enfrentar o capital internacional, o imperialismo eufemisticamente chamado de globalização ou mundialização. Não importa se é mexicano, ou alemão, ou americano, venezuelano, colombiano, cubano ou grego, hoje a luta dos trabalhadores é contra o poder dos monopólios, classe contra classe; hoje, a luta é entre capital e trabalho.
Na Crítica ao Programa de Gotha e em vários outros textos, Marx definiu uma alternativa anticapitalista, o socialismo-comunismo, não andou pela rama do tacticismo. Desde o Manifesto insistiu, com Engels, que os comunistas devem apresentar-se com o seu programa, com franqueza, sem o esconder, dados os limites históricos do capitalismo. Hoje alguns dizem-se marxistas, mas quando se fala sobre a alternativa ao capitalismo, chamam-lhe pós-capitalismo, ou dizem que é uma questão para discussão posterior. Marx deu-lhe nome e conteúdo, chama-se socialismo-comunismo e é baseado na ditadura do proletariado, na socialização dos meios de produção.
Marx continua em vigor nos dias de hoje, em que a economia segue ciclos descobertos por ele e está em crise. Em vão o mataram tantas vezes, pois sempre regressa à consciência da classe operária e de todos os oprimidos.
Marx, o comunista, o homem de Partido, jornalista de classe e democrata, o revolucionário, o internacionalista, o homem da teoria e da prática, Marx vivo.
*Primeiro Secretário do Partido Comunista do México
Traduzido por André Rodrigues P. da Silva
Entre a foice e o martelo
Marx vive
Pável Blanco Cabrera*
Se a obra de Marx se limitasse ao
Manifesto do Partido Comunista ou a O Capital seria já uma realização
gigantesca. Mas é muito mais ampla, porque nada de humano lhe era estranho;
cada descoberta científica, cada argumento levantado por ele arma os explorados
e todas as classes oprimidas contra os exploradores, contra a classe dominante,
a classe burguesa. Estudar a sua obra integralmente, assimilar a dialéctica, é
uma obrigação para os revolucionários que aspiram a mudar o mundo.
“A 14 de Março, às quinze para as três da tarde, deixou de pensar
aquele que foi o maior pensador do nosso tempo. Deixámo-lo apenas dois minutos
sozinho e, quando voltámos, encontrámo-lo dormindo suavemente na sua cadeira,
mas para sempre.”
Friedrich Engels
As contribuições de Karl Marx são actuais; a sua obra, elaborada
em conjunto com o seu íntimo camarada F. Engels, desenvolvida e enriquecida por
V. I. Lenine, é o guia para a emancipação do proletariado e de toda a
humanidade.
Marx foi um homem de teoria e acção; com ele, a dissociação entre
ser e pensar, velho problema da filosofia, foi superada pela primeira vez,
pois, como afirmou nas Teses sobre Feuerbach, não se trata apenas de
interpretar o mundo, mas de transformá-lo.
A sua obra não se limita ao Manifesto do Partido Comunista, ou a O
Capital, é muito mais ampla, porque nada de humano lhe era estranho; cada
descoberta científica, cada argumento levantado por ele, arma os explorados e
todas as classes oprimidas contra os exploradores, contra a classe dominante, a
classe burguesa. Estudar a sua obra integralmente, assimilar a dialéctica, é
uma obrigação para os revolucionários que aspiram a mudar o mundo.
Surpreende a actualidade da sua conclusão científica, ao estudar o
modo de produção baseado na propriedade privada e no trabalho assalariado, de
que o «sórdido segredo da exploração capitalista é a mais-valia».
O marxismo é o materialismo dialéctico, o materialismo histórico,
a economia política, o socialismo científico, e deve ser integralmente
assimilada pelos trabalhadores do mundo. Houve tendências positivistas,
dogmáticas, mecanicistas, que, pondo de parte o materialismo dialéctico,
corromperam a teoria revolucionária.
Marx integrou de forma contundente no seu trabalho a ditadura do
proletariado, a violência revolucionária como parteira da história, a classe
trabalhadora como sujeito da História, coveira do capitalismo. Quão
surpreendente é que alguns dos que se dizem seus seguidores neguem qualquer um
desses elementos essenciais. Marx voltaria a sua pena afiada contra esses
“académicos” que o negam, que procuram suavizá-lo, convertendo-o em “teoria
crítica”, anulando o seu carácter subversivo, partidário, determinado a não se
deixar acorrentar às paredes da universidade. Que falácia a dos que querem
limitá-lo a um democrata, um humanista, um sonhador. O Prometeu de Tréveris foi
um homem de partido, um militante, um conspirador e escreveu, não para a
carreira, não para obter um mestrado ou um doutoramento, mas para dar elementos
à luta de classes. Não fez da academia o abrigo confortável, assumiu as
consequências de ser revolucionário profissional: a perseguição, o exílio, a
fome.
Quanto dano fazem aqueles que negam a teoria nos factos, esses
pragmáticos que não têm a disciplina e a abnegação que o estudo e a produção
teórica requerem, mas também aqueles que produzem uma “teoria” que não
contribui nada, procurando emendar o marxismo-leninismo, que, pelo ego,
procuram publicar textos ininteligíveis para a nossa classe. Há que enriquecer
o marxismo, estreitamente vinculado ao conflito social, ao fortalecimento dos
partidos comunistas, tendo em conta a evolução da ciência, as experiências do
proletariado.
Marx e Engels sempre observaram a necessidade de o proletariado se
tornar classe, mas também o carácter internacionalista da sua luta; a senha
lançada no início da Revolução de 1848 está tão viva como sempre: Proletários
de todos os países, uni-vos! Para enfrentar o capital internacional, o
imperialismo eufemisticamente chamado de globalização ou mundialização. Não
importa se é mexicano, ou alemão, ou americano, venezuelano, colombiano, cubano
ou grego, hoje a luta dos trabalhadores é contra o poder dos monopólios, classe
contra classe; hoje, a luta é entre capital e trabalho.
Na Crítica ao Programa de Gotha e em vários outros textos, Marx
definiu uma alternativa anticapitalista, o socialismo-comunismo, não andou pela
rama do tacticismo. Desde o Manifesto insistiu, com Engels, que os comunistas
devem apresentar-se com o seu programa, com franqueza, sem o esconder, dados os
limites históricos do capitalismo. Hoje alguns dizem-se marxistas, mas quando
se fala sobre a alternativa ao capitalismo, chamam-lhe pós-capitalismo, ou
dizem que é uma questão para discussão posterior. Marx deu-lhe nome e conteúdo,
chama-se socialismo-comunismo e é baseado na ditadura do proletariado, na
socialização dos meios de produção.
Marx continua em vigor nos dias de hoje, em que a economia segue
ciclos descobertos por ele e está em crise. Em vão o mataram tantas vezes, pois
sempre regressa à consciência da classe operária e de todos os oprimidos.
Marx, o comunista, o homem de Partido, jornalista de classe e
democrata, o revolucionário, o internacionalista, o homem da teoria e da
prática, Marx vivo.
*Primeiro Secretário do Partido Comunista do México
Traduzido por André Rodrigues P. da Silva
sexta-feira, 15 de março de 2013
'A Indiferença'
"Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afetou
Porque eu não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres, mas como
Nunca fui religioso, também não liguei.
Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde."
Bertold Brecht
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
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