sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Guerra cambial, racha da burguesia?

Não é deste ano que os EUA enfrentam grande dilema: volumoso déficit na balança comercial e alto índice de desemprego.

O modelo Imperialista de montar plantas industriais em países onde paga baixos salários e tem acesso a matéria prima sem grandes custos, expõe agora a economia mundial a incertezas e vem a tona um mar de contradições.
Este modelo, à custa dos baixos salários dos trabalhadores dos chamados países emergentes, provocou forte expansão da produção a nível mundial. Os países emergentes, no jargão capitalista, acumularam crescentes superávits comerciais, principalmente a China.

O Brasil é um dos emergentes que se beneficiou desta política, tendo como carro chefe principalmente a exportação de commodities que no conjunto da economia propiciou anos seguidos de superávits comerciais. Esta foi a base que alimentou o sucesso do governo Lula, que tem aprovação da maioria dos brasileiros.

Em escala mundial a contabilidade tinha que fechar: consumindo o que produzia e o que os outros países produziam, os EUA se transforma no principal país com balança comercial deficitária.

A crise iniciada no final de 2008 desarticulou o controle sobre a situação.
Para tentar sanar o problema, os EUA adota como medida a desvalorização do dólar. Em miúdos, quer agora exportar mais do que importa, aumentar internamente a atividade industrial e assim gerar mais empregos. Mas isto leva os “emergentes para o breu” no linguajar popular. Estes perdem o poder de exportar, não terão como competir com a produção dos EUA , não terão assim para quem vender parte dos produtos que industrializa. Na melhor das hipóteses terão o papel que lhes cabe desde a era colonial: exportadores de commodities.

O resultado será desemprego generalizado e mais sofrimento para os milhões que tem como único meio de vida vender a força de trabalho, morem no campo ou na cidade.
No salve-se quem puder a gritaria é geral e cada país toma suas contramedidas. Desde há tempos a China acompanha o mesmo ritmo imposto pelo dólar: havendo desvalorização deste, na mesma medida é acompanhado pelo yuan. Chiadeira geral dos EUA. É o que estão chamando de guerra cambial.

E o Brasil? Até que se resolvam tudo, o grosso do capital está procurando onde se reproduzir. Nada melhor que uma economia que paga as maiores taxas de juros do mundo. Está aí o motivo da enxurrada de dólares. O ministro da Fazenda Guido Mantega está às voltas para conter esta enxurrada, pois dólar em excesso e sem controle provoca ainda mais a valorização do Real que por sua vez provoca a perca de competitividade do que produzimos na relação comercial com outros países. Este fato se consumando estaremos mergulhados em mais uma profunda crise: falências, desemprego e tudo que daí decorre.

A reunião do G20 realizada dias 22 e 23 de outubro de 2010 tinha como principal motivo tentar encontrar uma equação que apontasse perspectiva de solução para esta “sinuca de bico”. Alguém vai ter que pagar a conta. Os primeiros são os trabalhadores que já amargam altos níveis de desemprego nas principais economias. Mas na concorrência entre a própria burguesia pode ocorrer uma verdadeira carnificina. Temos como exemplo recente a eclosão da segunda guerra mundial.

São algumas possibilidades que apontamos e não podemos duvidar que aconteçam. Já diz um ditado popular: “é melhor prevenir que remediar”.

Diante de cenários como este, vamos ficar de braços cruzados? Com certeza não é a opção mais inteligente. Estamos construindo o PSOL para que este seja eficiente ferramenta do proletariado* para enfrentar estas vicissitudes e trilhar rumo a uma sociedade socialista.

* proletariado
pro.le.ta.ri.a.do
sm (proletário+ado3) 1 Classe dos trabalhadores livres assalariados na sociedade técnica industrial (Karl Marx). 2 A classe dos indivíduos, em uma comunidade, que para seu sustento dependem do produto de trabalho regular ou ocasional; classe operária.
Fonte: Michaelis,Moderno Dicionário da Língua Portuguesa.

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