sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

"De onde menos se espera, é daí que não sai nada mesmo."


Aproveito para compartilhar com todos o site http://edwilson.souza.vilabol.uol.com.br/index.html que dedica espaço ao Barão de Itararé.
Acho importante este senso de humor. Não sei contar piada nem usar linguagem bem humorada. Mas sou admirador dos que tem esta facilidade. Assim sentimos o mundo mais alegre.
Nem só da realidade nua e crua vive a humanidade.
Vamos então a algumas frases do Barão de Itararé postadas no referido site:

* De onde menos se espera, daí é que não sai nada.

* Mais vale um galo no terreiro do que dois natesta.

* Quem empresta, adeus...

* Dizes-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.

* Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.

* Quando pobre come frango, um dos dois está doente.

* Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.

* Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.

* Quem só fala dos grandes, pequeno fica.

* Viúva rica, com um olho chora e com o outro se explica.

* Depois do governo ge-gê, o Brasil terá um governo ga-gá. ( Ge-gê: apelido de Getulio Vargas. Ga-gá: referia-se às duas primeiras letras no sobrenome do novo presidente, Eurico Gaspar Dutra).

* Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga.

* Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.

* Voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim , afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.

* Os juros são o perfume do capital.

* Urçamento é uma conta que se faz para saveire como debemos aplicaire o dinheiro que já gastamos.

* Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.

* Banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.

* Mulher moderna calça as botas e bota as calças.

* A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.

* Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.

* Pão, quanto mais quente, mais fresco.

* A promissória é uma questão "de...vida". O pagamento é de morte.

* A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.

* A gramática é o inspetor de veículos dos pronomes.

* Cobra é um animal careca com ondulação permanente.

* Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.

* Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.

* Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.

* É mais fácil sustentar dez filhos que um vício.

* A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.

* Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.

* Advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.

* Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Quem vai paga a conta?


O impasse continua em Copenhague.
EUA e China não têm acordo. Ambos são responsáveis por 40% da emissão de dióxido de carbono (CO2) na atualidade. A liberação de CO2 é considerada o principal causador do aquecimento global, segundo os relatórios da ONU.
A China argumenta a responsabilidade histórica dos países industrializados como os principais causadores do desequilíbrio ambiental que vive o planeta. Portanto deverão ter compromisso reparador, liberando recursos aos países em desenvolvimento com o propósito de redução das atividades que mais poluem o meio ambiente. Os EUA simplesmente se negam a terem esta responsabilidade.
É uma briga de gigantes. Mas a população pobre do mundo é quem está pagando o pato.
Em pleno século XXI os trabalhadores ainda são expostos a trabalhar em ambientes altamente poluídos e poluidores em milhões de unidades produtivas espalhadas por este mundo afora.
Mas o operário, aquele que mete a mão na massa, que apesar da alta tecnologia está na fábrica processando a matéria, tem algum representante em Copenhague?
Nem precisa comentar a resposta.
Então quem está lá, representa o capital. Querem mesmo é melhorar suas taxas de lucro.
Não é por acaso que Todd Stern, representando a posição dos EUA declarou:
"Reconhecemos cabalmente nosso papel histórico na poluição atmosférica, mas rejeito categoricamente qualquer idéia da culpabilidade ou de reparações".
Representando a posição do Brasil e aliado com a China, Sérgio Serra manifestou: "Sem dinheiro, nenhum acordo!".
O problema é o dinheiro.
Já é possível perceber que de Copenhague não podemos esperar muito. Ou melhor, não podemos esperar nada.
A característica do capitalismo é a busca incondicional do lucro em meio à completa anarquia da produção. Sua principal fonte geradora e concentradora de riqueza é a exploração do trabalho assalariado.
Assim, para a burguesia, meio ambiente está lá no fim da fila. Estes eventos sevem mais para consolidar seu domínio ideológico.
Cada dia fica mais evidente que o capitalismo não tem mais nada a oferecer de bom à humanidade. De mal tem muito: miséria, violência, desesperança. Será que isto já não cheira a barbárie?
Será que a burguesia tem interesse em gastar dinheiro no combate ao aquecimento global?

sábado, 5 de dezembro de 2009

Polêmica no PSOL


A polêmica está posta dentro do PSOL.

A Executiva Nacional aprovou abertura de negociação com a candidata do PV à presidência da república, Marina Silva.

Os militantes do PSOL em todo país estão repudiando esta decisão e defendendo a reedição da frente de esquerda em torno de um programa anticapitalista.

Reproduzimos abaixo a decisão do Diretório Estadual do Maranhão.


“O MARANHÃO DIZ NÃO À ALIANÇA COM O PV E MARINA SILVA E EXIGE O RESPEITO AO PARTIDO E ÀS SUAS BASES!
São Luís (MA), 3 de dezembro de 2009
Depois de titubear, o PSOL, tensionado por pressões internas e públicas da maioria dos seus dirigentes plantados na Executiva Nacional, aprovou a abertura de conversações oficiais com a pré-candidata do PV, Marina Silva. Este fato lamentável põe em alerta a base do PSOL e a faz levantar com rigor e coerência contra esse erro de tática e estratégia política daqueles que renegam o projeto socialista do partido e, impregnados pelos vícios do institucionalismo, teimam em repetir os mesmos erros de um passado de alianças policlassistas e eleitoreiras.
Na realidade, há uma pergunta que não quer calar: o PSOL abortará, praticamente, no seu nascedouro, as esperanças que semeou para amplos contingentes da classe trabalhadora brasileira ou sucumbirá perante os ditames da ordem burguesa, tornando-se apenas um instrumento funcional ao sistema capitalista sem forças e sem vontade de romper com a lógica do capital?
Claro que não é isto que a base do PSOL deseja que aconteça. Ao contrário, a base do partido exige que a direção majoritária dê um passo atrás, faça uma autocrítica pública e reponha o processo político interno, reafirmando a centralidade da candidatura própria do PSOL, por um lado, e, por outro, construa um processo político que possa levar à recriação da Frente de Esquerda em aliança com o PSTU e o PCB, numa verdadeira frente anticapitalista unitária para denunciar os 16 anos ininterruptos do neoliberalismo no Brasil, quer seja com FHC ou com Lula/Marina.
Jamais o PSOL terá as condições de fazer esse enfrentamento anticapitalista em 2010 se não recuar dessa política desastrosa. Afinal, como o setor majoritário do partido justificaria a aliança com o PV de Serra e Kassab, do Sarney e seus honoráveis bandidos? Da mesma forma, como esses dirigentes justificarão a aliança do PSOL com os capitalistas da Natura e de outras empresas capitalistas, que a pretexto da “responsabilidade social” exploram sem dó nem piedade e abusam da repressão sobre os seus trabalhadores e degradam o meio ambiente.
Bancar o apoio a Marina/PV pode representar um fim trágico e melancólico do PSOL na cena política brasileira no momento em que vários agrupamentos partidários buscam aglutinar a autêntica esquerda e os setores combativos dos movimentos sociais para fortalecer a construção da Frente de Esquerda, fazer o balanço do que foi a era neoliberal no Brasil e, ao mesmo tempo, apresentar um programa socialista para o Brasil.
A ironia trágica dessa história é que a presidente do partido [Heloísa Helena], além de abdicar de sua candidatura à presidência, foi a primeira a sair em público a pressionar a direção do partido para a aliança com o PV e Marina Silva, num total desrespeito às bases partidárias.
O PSOL tem bases para apresentar um programa anticapitalista capaz de reaglutinar a frente de esquerda, como é o caso da pré-candidatura de Plínio de Arruda Sampaio, que vem recebendo inúmeros apoios na intelectualidade, nos movimentos sociais, setores da Igreja Católica, do sindicalismo combativo e da juventude, dando mostras do potencial e das possibilidades que o PSOL têm para enfrentar o cenário atual.
A Executiva Nacional do PSOL não poderia tomar a equivocada decisão de abrir negociações com Marina e o PV. É por acreditarmos nos militantes inseridos nas lutas, populares, sindicais, ambientais, estudantis e dos seus mais diversos e ricos setoriais que o momento é de nos levantarmos em defesa do projeto do PSOL, que no terreno da disputa eleitoral, se materializa em uma candidatura própria presidencial com um programa de corte anticapitalista.
O PSOL-MA reitera a sua posição política para dizer que essa idéia de aliança com o PV terá o nosso combate até as últimas conseqüências, denunciando a violenta e corrupta oligarquia Sarney, na qual se abriga o deputado Zequinha Sarney, prócer do PV e dos interesses privados no Maranhão e no Brasil.
A única aliança política a ser feita para as eleições 2010 já foi aprovada no II Congresso do PSOL-MA em agosto de 2009 e aponta para a construção da Frente de Esquerda com o PSOL, o PSTU e o PCB a partir de um efetivo debate programático entre os partidos com a participação dos movimentos sociais de nosso país, na perspectiva de apresentar um programa anticapitalista e de ruptura com a sociedade capitalista e oligárquica.
São Luís (MA), 3 de dezembro de 2009.
Diretório Estadual do PSOL-MA”

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sinuca de bico


Os EUA estão às voltas com os altos índices de desemprego e a exorbitante dívida pública. Situação semelhante vive a região do euro.
O norte americano foi voraz consumidor que impulsionaram as exportações de países em desenvolvimento, como China, Índia, Rússia, Brasil, etc.
Exportaram capitais e nestes países implantaram indústrias que não precisavam utilizar trabalho especializado.
Os EUA é base do capital financeiro que submete o mundo inteiro à especulação.
Com juros próximos de zero, Wall Street corre mundo afora em busca de melhores taxas. O Brasil é assim um paraíso. Para minimizar a orgia, o Governo brasileiro já foi obrigado a definir taxas sobre a movimentação deste capital. Aqui eles ganham duplamente: com a alta taxa de juros e com a desvalorização do dólar. Para o capital financeiro é o melhor dos mundos. Quando os benefícios emagrecem ou são duvidosos, simplesmente migram para outros paraísos. Foi a causa de crises em vários países, inclusive Brasil.
No momento, por aqui a economia apresenta sinais de crescimento. A previsão é de 5% em 2010 e de 4,5% em 2011. O governo brasileiro e a OCDE convergem para estas previsões.
Mas temos que nos preparar, pois a bonança pode ser destruída pela tempestade.
Na sinuca de bico que os EUA se encontram, terão que fazer pesados investimentos na produção, na implantação de modernas indústrias. Isto se quer manter o nível de consumo a que se acostumaram nas últimas décadas. Mesmo assim, os trabalhadores nos EUA verão seus salários achatarem.
Qual implicação disto para o mundo?
Que os EUA voltarão com toda força para competir com a produção industrial. Na divisão do trabalho das últimas décadas os EUA deixavam esta tarefa principalmente para os países em desenvolvimento, com destaque para a China. Com a exploração baseado nos baixos salários dos trabalhadores destes países, o capital financeiro buscava garantir alta as taxas de lucro e uma produção com custos relativamente baratos.
Com a crise, não poderá mais continuar neste conforto.
E agora? Como os países em desenvolvimento enfrentar o gigante sem voltar aos tempos coloniais de dependência da exportação de produtos primários?
Aqui, o agronegócio achará isto uma maravilha. Mas os trabalhadores e os milhões de brasileiros?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Operário em construção

Vinícius de Moraes
http://www.astormentas.com/vinicius.htm





Do rio que tudo arrasta se
diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as
margens que o comprimem

Bertold Brecht

Sitio com boa poesia : http://www.astormentas.com/brecht.htm

domingo, 22 de novembro de 2009

Para onde vamos?


Em entrevista, Heloísa Helena declarou o seguinte: "Marina é uma pessoa maravilhosa e, pelo perfil dela, é a única oportunidade para o país para discutir o desenvolvimento sustentável com responsabilidade social. Qualquer outro partido que venha com esse discurso soará como uma coisa hipócrita". Declarou em entrevista ao UOL Notícias.

No dicionário iDicionário Aulete (http://aulete.uol.com.br/) nos aponta o seguinte sentido para a palavra hipócrita:

1. Que simula ter uma qualidade ou sentimento que não tem, ou finge ser verdadeira alguma coisa (sabendo que não o é); FINGIDO; FALSO
2. Em que há hipocrisia (sorriso hipócrita).

Partindo da premissa que Heloísa Helena fala o que acredita e logo não é hipócrita, concluímos: ou está redondamente enganada ou mudou definitivamente de lado. Em qualquer das hipóteses é uma grande perca dos trabalhadores na luta pelo socialismo.

Mas o PV já faz discurso hipócrita.

Apesar de um passado de militância respeitável, Marina Silva foi fiel seguidora do receituário adotado pelo governo Lula. Como ministra, fez uma série de concessões para não atrapalhar o avanço do agronegócio e das grandes fazendas que avançam sobre a floresta amazônica. Ainda mais, saiu do PT dizendo que deixa o que era sua casa e ganha um bom vizinho. Então, se poucas palavras bastam para um bom entendedor, as contradições com o modo PT de governar foram suficientes para desligar-se, mas não o suficiente para caminharem em rumos diferentes. As portas continuam escancaradas para que ambos estabeleçam alianças.

O PV já faz isto: é base aliada do governo Lula; aliado de Blairo Maggi em Mato Grosso, apontado pelo GREENPEACE como a personalidade brasileira que mais contribuiu para a destruição da Amazônia; apoio ao governo José Serra em São Paulo; no Maranhão está sob domínio direto da oligarquia Sarney, etc.etc.etc. Este é um partido que se apresenta como salvador da humanidade, mas só presta serviços à burguesia.

Para ser coerente com sua postura diante do governo Lula, Marina Silva não podia encontrar partido melhor: o PV.

Enquanto ministra, quando ela se articulou com os setores organizados (ou desorganizados) dos trabalhadores para questionar o modelo de preservação ambiental adotado pelo governo Lula?

O PSOL não deve ser correia de transmissão da demagogia e promotor da conciliação de classes.

Sob o capitalismo, conseguir “desenvolvimento sustentável e com responsabilidade social”? Impossível. São da natureza do capitalismo a concentração da renda e a desigualdade social. Então temos necessariamente que construir uma frente anticapitalista que aglutine forças para lutar pela construção de uma sociedade com desenvolvimento sustentável, ou seja, uma sociedade socialista.

É possível pleno emprego nos limites do capitalismo?

Com a grave crise do capitalismo na década de 30 do século passado, John Maynard Keynes advogou a necessidade de o estado fazer fortes investimentos em setores estratégicos da economia para ser alcançado o bem estar social. O resultado seria um mundo de felicidade, com pleno emprego.

Diante da possibilidade de colapso do capitalismo, os governos das mais importantes economias do mundo começaram a seguir esta cartilha. Mas o sonho do pleno emprego ficou apenas nas páginas dos livros de Keynes e seus seguidores. Aconteceu foi forte processo de concentração da riqueza.

A armadilha dos atalhos.

Não é hora de pregar ilusão e nem fazer atalhos. A história dos “socialistas” após Stalin assumir o poder na Rússia tem sido fazer atalhos. Ou ficaram perdidos ou aderiram às concepções burguesas. Não chegaram a nenhum lugar.

Devemos agir no sentido de aglutinar as forças que de fato têm interesses em lutar por uma nova sociedade. Na atual conjuntura, fazer alianças com Marinha Silva e o PV é desviar deste objetivo, é o retorno à política de conciliação de classes, é abdicar do programa e do respaldo que o PSOL tem hoje entre parcelas significativas dos trabalhadores e do povo. É não ter mais possibilidade de voltar ao caminho original, é perder totalmente a credibilidade. Credibilidade só se perde uma vez. É o começo do fim do PSOL enquanto uma perspectiva de revolução socialista.

Temos que suar a camisa.

Reconhecemos que temos ainda que fazer muito, que suar a camisa, mas sempre com o propósito de manter o combate ao governo Lula, à oposição de direita (PSDB/DEM) e dar continuidade ao desafio da organização da classe trabalhadora, combater a pobreza e a concentração de renda. É caminhando nesta direção que poderemos não só criar o poder que elimine a exploração sobre os trabalhadores como de fato preservar o meio ambiente. Não há possibilidade de isolamento se o PSOL defender os interesses autênticos dos trabalhadores e souber estabelecer um programa que aglutine as forças anticapitalistas.


A opção é Plínio de Arruda Sampaio
Diante das divergências internas e a opção de Heloísa Helena ser candidata a Senadora por Alagoas, podemos até ter perca eleitoral. Mas o PSOL não pode ficar refém de uma liderança e ficar guiando sua política exclusivamente pela quantidade de votos. Marina não “é a única oportunidade para o país para discutir o desenvolvimento sustentável com responsabilidade social“.

Marina nem representa esta oportunidade. O que Heloísa Helena propõe é darmos uma guinada no rumo da conciliação de classes.
Lançamos candidato à presidência outro companheiro: Plínio de Arruda Sampaio. É ótima opção e está disposto a defender um programa socialista.

Com Plínio, vamos expor ao debate o que representa este governo e a oposição de direita, discutir os caminhos que podem levar o Brasil a uma democracia plena, como nos libertar da espoliação imperialista, como nos ver livre da dívida pública, como combater a corrupção, como caminharmos para que os trabalhadores tenham seus direitos respeitados e garantidos, como organizar a produção e eliminar o processo de concentração da riqueza, como democratizar e modernizar o uso e cultivo da terra, como fazer para que nossas riquezas, como o pré-sal, não sejam entregues ao grande capital seja nacional ou imperialista, como construir uma sociedade que garanta os direitos plenos do ser humano.

Vamos trabalhar para consolidar e fortalecer a frente anticapitalista.

O horizonte é o socialismo.

Para sobreviver o capital destrói a vida. Não interessa ao capital a preservação ambiental. Usa esta bandeira apenas como propaganda demagógica. As empresas que mais prejudicam o meio ambiente são as que mais falam em preservação da natureza. Vejam as campanhas das grandes mineradoras (Vale, por exemplo), das indústrias de papel e celulose e das grandes siderúrgicas. Veja a propaganda da Natura, empresa do pretenso Vice de Marina Silva.

Não é possível a construção de uma sociedade socialista sem a mínima organização da classe trabalhadora. É este o papel e o árduo trabalho a ser realizado pelo PSOL.

Para ser uma ferramenta política e de organização dos trabalhadores não pode desviar da luta pelo socialismo. Devemos definir um programa que tenha clareza quanto aos interesses de classes e combinar uma tática de resistência e avanços, dentro de uma estratégia da revolução socialista.

Diante da crise mundial e do desemprego estrutural, temos que lutar pela garantia dos direitos básicos dos trabalhadores. Defender a extensão do salário desemprego para até enquanto estiver desempregado, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanal, obrigatoriedade de financiamento de moradia com zero de juros para todos os trabalhadores com ou sem carteira assinada, salário educação para os jovens de 18 a 24 anos, plano de saúde universal e gratuito, educação de qualidade pública e gratuita, bolsa família para as crianças e jovens até 18 anos membros de famílias com renda inferior ao básico para sobrevivência.

Um modo de produção que não garante ao ser humano condições elementares de sobrevivência deve ser destruído e os trabalhadores devem comandar os destinos da nova sociedade.

Vamos orientar nossa política e intervir no sentido do enraizamento do partido no seio dos trabalhadores e setores explorados. Isto só acontecerá se o partido representar seus interesses. É aqui que está a força e a base da nova sociedade.

Vamos romper com a cultura rebaixada e cômoda da escolha entre o ruim e o menos ruim. Temos que construir o melhor. Vamos elevar nossa auto-estima e trilhar pelo caminho, sem atalho, que seja o processo de construção da sociedade socialista.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Pré-Candidato a presidência da república, Plínio de Arruda Sampaio em São Luís-MA.



Atendendo convite de militantes do PSOL que defendem sua candidatura a presidência da república, ontem, dia 16/11/2009 às 18h no auditório do Sindicato dos Bancários, Plínio de Arruda Sampaio abordou vários temas da realidade brasileira.

“Há 20 anos o povo não tem nenhuma vitória. Com a crise o povo recuou.” Assumiu a cultura do menos ruim.

Para Plínio de Arruda Sampaio, o capitalismo vai ter que tomar medidas duras para manter suas margens de lucro.

Na realidade o presidente Lula não tem poder sobre as grandes decisões. As grandes decisões são tomadas pelo FMI, pelo Banco Mundial, por Wall Street, o centro financeiro do Imperialismo.

Temos os países coloniais, o que fomos no passado, os países dependentes, caso do Brasil na atualidade, e os países independentes, como EUA.

Com a crise que incomoda o grande capital desde a década de 70, o neoliberalismo, o reordenamento da divisão internacional do trabalho reserva ao Brasil o papel de voltar a ser país exportador de produtos primários: carne, soja, cana-de-açúcar, madeira, etc. Volta a uma situação que o passado colonial já mostrou ser um desastre. Temos evidentemente que romper com esta lógica.

“A burguesia está comprando tudo, inclusive terra”. Então a grande questão do atual presidente, destes candidatos que aí se apresentam, do grosso dos estudos nas universidades é saber como deixar a burguesia agir sem empecilhos. Como fazer para manter a multidão conformada. “Como segurar esta massa”. Como passar este momento de crise sem ter problemas mais sérios.

Para Plínio, é necessário conhecer o que o inimigo pensa.
“O centro da conjuntura nas eleições de 2010 é elevar a consciência do povo”. “Como usar a campanha para discutir os problemas reais do país”.

Nos marcos dos interesses do grande capital, Dilma, José Serra e Marina artificializam os temas centrais para não abordarem o que realmente interessa ao povo brasileiro. Os profissionais da mídia (todos a serviço destas candidaturas) são especialistas em fazer gato virar lebre. Não há diferença fundamental entre estas candidaturas. Muda um aspecto aqui, outro acolá, mas a essência não muda.

Devemos ficar discutindo se é a Petrobrás que vai explorar o Pré-sal ou se é outra empresa? A Petrobrás é hoje uma empresa Privada. Plínio de Arruda Sampaio manifestou a opinião de que se realmente queremos usufruir da riqueza do Pré-sal teremos que comprar modernos aviões de combate, aparelhar a frota naval e o exército para defender tão cobiçada riqueza. “Este é o centro da questão, esta é a verdade dos fatos”. O exemplo evidente é a ocupação militar de países do Oriente Médio pelos EUA. Por aqui eles já estão com bases na Colômbia e a IV Frota Naval já anda pelas redondezas para “proteger os mares da região” segundo seu comandante.

O PSOL no momento vive uma crise.

Estamos na encruzilhada entre continuar nosso projeto de luta pelo socialismo ou começar a ser transigente, pactuar com partidos e candidaturas da ordem. A trajetória do PT já nos ensinou: começa com a transigência e acaba no mensalão.

A solução então é enfrentar, seguir a construção do projeto socialista, bater duro, denunciar.

Vivemos a geração do menos mal. Vamos romper com isto, vamos lutar pela solução, pelo que é definitivo, pelo o que é melhor para um dia de fato construirmos isto. Sem ter estes objetivos, se ficarmos querendo fazer atalhos, nos contentar com migalhas, nunca chegaremos lá.

Na campanha, não devemos fazer bonito para a burguesia. Devemos colocar o problema para os trabalhadores e o povo. Coletivamente buscar alternativas.
“A solução está dentro do problema.” Vamos trabalhar com o que os movimentos sociais querem. Trabalhar aquilo que os mobiliza. Esta é a forma de construir o programa. O MST tem suas reivindicações. Vamos então trabalhar juntamente com o movimento para solucionar este problema. Seguir esta lógica para a educação, a moradia, o saneamento básico, a questão do trabalho, do desemprego, da juventude, etc.

Plínio de Arruda Sampaio comentou uma passagem do filme "Queimadas", onde em uma cena o líder revolucionário, já condenado à forca, está a caminho para ser guilhotinado. O carcereiro com complacência afirma que era a chance de fugir (o líder revolucionário), pois naquele momento estavam apenas os dois. Aí, sobre o olhar de surpresa do carcereiro, por não entender a atitude, o líder revolucionário retruca: fugir nada. Fugindo a revolta acaba, tudo acaba. Morrendo serei o mártir que manterá a chama dos motivos justos desta revolta.
Recomenda que todos assistam a este filme: “Queimadas”.

Plínio de Arruda Sampaio demonstrou todo vigor de uma candidatura que trabalha para construir um novo marco da luta pelo socialismo.

Marcos Silva, do PSTU, manifestou esperança em fechar aliança com o PSOL e o PCB, formando a frente classista para enfrentar a burguesia nas eleições de 2010, a nível nacional e estadual.

Saulo, pré-candidato ao governo do Maranhão pelo PSOL, a ser definido dia 28/11/2009, manifestou seu apoio integral à candidatura de Plínio de Arruda Sampaio e informou já estar sistematizando o eixo programático a ser apresentado no processo eleitoral.

Tentei assim fazer uma síntese dos principais momentos da palestra. Esta interpretação é de minha inteira responsabilidade. Estamos contentes em sentir que as idéias revolucionárias estão em ebulição e o ideário socialista fervilha na cabeça de milhões.

Na verdade o capitalismo não tem mais o que oferecer à humanidade: vivemos diariamente a violência, barbárie e concentração da riqueza.

Chegaremos ao objetivo. Quem viver verá.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Pré-sal: o petróleo é nosso?


O Comitê de Imperatriz da campanha “O Petróleo é nosso” informa em seu boletim que a comissão especial do Congresso que trata do modelo de exploração de petróleo aprovou nessa quarta, 11 de novembro de 2009, a adoção do modelo misto proposto pelo governo.
O pré-sal e demais áreas consideradas estratégicas serão geridas pelo modelo de partilha de produção. O restante continua sob o sistema de concessão, assim como todos os blocos já leiloados. Com esta atitude, o relator rejeita projeto dos movimentos sociais que luta pelo monopólio estatal do petróleo.
Caso o plenário (onde a representação dos trabalhadores é quase zero) aprove o parecer do relator, os brasileiros terão mais este abacaxi para descascar.
Esta é uma luta que o conjunto dos trabalhadores brasileiros e a juventude não podem ficar à margem, pois a riqueza potencial do pré-sal pode contribuir para resolver problemas graves enfrentados pelos brasileiros: educação, saúde, moradia, saneamento básico, etc.
É muita riqueza em jogo e simplesmente não podemos deixar os ianques deitarem e rolarem, se apoderando do que é nosso. Nossa sina não pode ser a eterna colonização.
Devemos ficar atentos com líderes como Fernando Henrique Cardoso que literalmente “entrega o ouro ao bandido”. Alterou o marco regulatório com a Lei 9478/97 (Lei da Traição). Com esta Lei, o petróleo brasileiro pode ser entregue a grupos privados nacionais ou estrangeiros. No blog http://www.opetroleoenosso.blogspot.com/ consta uma opinião que bem representa nossa indignação:

"Sempre houve traição ao povo brasileiro. Lesa-pátrias nunca faltaram. Uma das maiores traições à nossa gente é a Lei 9478/97 (Lei da Traição), de FHC. Segundo esta lei, o petróleo brasileiro pode ser entregue a grupos privados nacionais ou estrangeiros, com pequeno imposto para o país. Entre outras multinacionais que têm se apropriado de nosso petróleo, através dos malfadados leilões, estão a Shell e a Repsol. A Shell exporta 60 mil barris diários de petróleo, com direito a cada vez mais aumentar seus lucros às nossas custas. Petróleo extraído de áreas descobertas pela Petrobrás, depois de anos de pesquisas, com recursos vindos de impostos pagos pela nação brasileira".

Neste sito a Petrobrás fornece algumas informações básicas sobre o que é pré-sal: http://www2.petrobras.com.br/presal/cada-vez-mais-fundo/
Sítios da campanha nacional “O Petróleo é nosso”:
http://presal.org.br/
http://www.apn.org.br/

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Nova era da luta pelo socialismo




Conheci Duarte Pereira quando estudava na PUC em São Paulo, no início da década de 80. O Centro Acadêmico organizava cursos de férias. Com muita frequência, Duarte Pereira foi convidado a expor os fundamentos da obra de Karl Marx. Sempre percebi muita coerência em suas exposições. Recentemente li um texto de sua autoria que é uma grande contribuição para os que pensam uma sociedade socialista: “A CRISE DO SOCIALISMO, A REESTRUTURAÇÃO DO CAPITALISMO E OS NOVOS DESAFIOS DOS TRABALHADORES” . Diante da hegemonia neoliberal e a dispersão dos defensores do socialismo, é uma contribuição importante para reflexão sobre os possíveis rumos da luta pela emancipação do proletariado.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Vitória! Seminário nacional aprova congresso em junho de 2010 para fundar nova Central.


Esta é a manchete do sítio da CONLUTAS, informando o resultado do Seminário realizado pelos trabalhadores, que diante da política de conciliação da CUT e demais Centrais, se articulam para construir uma entidade nacional autêntica e classista.
Os trabalhadores que combatem a política de conciliação, estão hoje na Conlutas ou na Intersindical. Já havia algum tempo que se articulavam no sentido da unificação.
O resultado do Seminário, realizado em São Paulo dias 1 e 2 de novembro, com a definição de propostas comuns e a aprovação do Congresso unitário para junho de 2010, representa passo importante na unificação da luta dos trabalhadores.
Resoluções do Seminário:
· Realização de um congresso, de 3 a 6 de junho de 2010, para a fundação de uma nova central
· Votam nesse congresso delegado eleitos pelo movimento sindical e movimento popular que
estão hoje comprometidos com o processo de reorganização
· Esse processo será organizado por uma Coordenação pró-central, com a seguinte
Representação: 9 membros da Conlutas, 9 da Intersindical, dois do MTL, dois do MTST, dois da
Unidos para Lutar, dois do MAS, dois da Pastoral Operária, dois da Corrente Trabalho e
Emancipação e dois da FOS.
· Realização de uma plenária durante o Fórum Social Mundial em 2010 em Porto Alegre (RS).
· Plano de ação para o próximo período, com o apoio ativo às principais lutas.


Veja matéria detalhada:


No síto da CONLUTAS: http://www.conlutas.org.br/exibedocs.asp?tipodoc=noticia&id=4147 ;


No sítio da INTERSINDICAL: http://intersindical.inf.br/


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A escravidão do trabalho assalariado


Dia 27 de outubro de 2009, no Jornal Folha de São Paulo tinha uma matéria com o seguinte título: “Sudeste lidera rankink de trabalhadores em situação análoga à escravidão”.
No conteúdo da matéria tínhamos a informação de que “entre janeiro e 11 de setembro, dos 2.216 trabalhadores encontrados em situação degradante e resgatados, 729 deles (33%) estavam na região mais populosa e rica do país. A quantidade de resgates no Sudeste é puxada por Rio (361) e Minas Gerais (270). Somente uma operação do grupo móvel de fiscalização no interior fluminense resgatou 280 trabalhadores na cana-de-açúcar”.
Em final de outubro/2009 os telejornais não se cansavam em mostrar cenas de guerra como a queda de um helicóptero da Polícia Militar em operação nas favelas do Rio de Janeiro, atingido por tiro de defensores do tráfego. Em São Paulo é comum conflitos envolvendo Policiais e favelados.
A violência tomou conta do Brasil. Não há cidade onde seja possível sair tranqüilo sem a possibilidade de ser assaltado. Mesmo na zona rural, os assaltos são freqüentes.
Onde há capital, há miséria e também violência.
Estamos vivendo um estado de barbárie?
Tudo indica que este é o legado do capital monopolista. No Brasil seus efeitos são bem transparentes: super concentração de renda e ampliação da pobreza. O índice de desemprego estrutural é alarmante. Milhões se amontoam nas favelas em todas as metrópoles do país. Aí a presença do Estado é quase zero: não oferece segurança, educação, saúde, saneamento; o Estado nada garante a esta população a não ser demagogia em período eleitoral.
É evidente que os de baixo não vão ficar quietos. Estão procurando meios de vida a qualquer custo. Um destes meios é o tráfego de drogas. Mas quem vive do tráfego de drogas é uma minoria. Estes traficantes e a Polícia submetem a multidão que vive nas favelas a um verdadeiro estado de guerra.
Além de não constituir nenhuma garantia de sobrevivência para os de baixo, que são a absoluta maioria, o capital ainda submete milhares de trabalhadores a regimes de trabalho semelhante à escravidão, conforme reportagem mencionada acima. “Ao lado de um canavial sempre tem miséria” comentou o sociólogo Esmeraldo Lopes. Onde tem uma fábrica, sempre há muitos desempregados, refleti diante da observação sobre o canavial.
Não é difícil perceber que apesar de ter desenvolvido enormemente as forças produtivas, o capitalismo é hoje o principal entrave ao desenvolvimento da humanidade.
O capitalismo tem esta contradição insolúvel: para explorar ao máximo a força de trabalho, precisa de um exército de desempregados disposto a entrar em atividade quando o capital precisar. Sem desempregado, não há capitalismo. O desemprego é quem gera o estado de miséria a que está submetido milhões de pessoas.
Para se ver livre da miséria, é necessário também se ver livre do capitalismo.
Os trabalhadores lutam cotidianamente por emprego e melhores salários. Mas diante de qualquer crise ou desenvolvimento tecnológico, são lançados no desemprego e na melhor das hipóteses, seus salários rebaixados. Com a onda neoliberal, querem lhes arrancar todos os direitos trabalhistas.
A luta por melhores salários é fundamental, mas não é suficiente. Para resolver definitivamente a questão salarial é necessário superar o modo de produção. Capitalismo com desenvolvimento sustentável é lorota: no primeiro sinal de crise, os prejuízos serão lançados na contabilidade dos trabalhadores.
É hora de pensar uma sociedade socialista onde a produção da riqueza que hoje já é coletiva, seja também apropriada de forma coletiva.
Com o alto desenvolvimento das forças produtivas e conhecimento assimilado pelos trabalhadores, não é mais necessário que uma “meia dúzia” de capitalistas parasitas se aproprie da riqueza produzida.
É necessário romper com o capitalismo e construir uma sociedade onde não há escravidão do trabalho assalariado, onde os homens livremente associados produzam e coletivamente se apropriem do que é necessário para uma boa vida. Assim haverá condição real de eliminar os problemas da violência, favelas ou guerras. Terão sim condições de melhor conhecer a natureza e estabelecer relações de humanidade e de paz.
Carlos Lopes
02 de outubro de 2009

domingo, 25 de outubro de 2009

A direita quer criminalizar os movimentos sociais


A direita faz campanha feroz para criminalizar os movimentos sociais. Tem como aliado fiel a imprensa corporativa. Globo, Veja, Estadão etc. é a tropa de choque que usa o poder do monopólio da comunicação para desinformar e tentar convencer a multidão de que estes movimentos praticam atos de vandalismo.

Os trabalhadores rurais em sua luta diária pela sobrevivência têm no MST uma ferramenta de organização que luta pela reforma agrária. Não fosse esta entidade estariam sem perspectiva, sem vez e sem voz, jogados nas periferias das metrópoles submetidos à miséria e à violência do crime organizado, ou tendo que sujeitar-se ao trabalho em regime de escravidão, como é prática em muitas fazendas neste Brasil.

As grandes redes de televisão fizeram a festa com as imagens de um trator utilizado pelos integrantes do MST que ocuparam a fazenda da Sucocítrico Cutrale no interior de São Paulo. A mídia foi taxativa em classificar a derrubada de alguns pés de laranja como ato de vandalismo.
Tiveram o cuidado de omitir uma informação fundamental: que esta área, chamada Núcleo Monções, possui 30 mil hectares. Destes, 10 mil hectares são terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas e 15 mil hectares são terras improdutivas.

Esta área é ocupada ilegalmente pela Cutrale, onde plantou 1 milhão de pés de laranja.
Para garantir o plantio de feijão, arroz etc., alimentos necessário para seu consumo diário, os integrantes do MST que ocuparam a área, passaram o trator em 0,7% do laranjal.
Não há nenhuma prova de que a suposta destruição de máquinas e equipamentos tenha sido obra dos sem-terra.

Esta área, por ser pública, foi prometida pelo INCRA aos sem-terra. Mas aí o problema é a burocracia para liberar a área, ainda mais com a influência que a monopolista Cutrale possui junto ao governo. Sem pressão talvez isto nem aconteça.

Tendo conhecimento destas informações, percebemos que a rebeldia dos sem-terra é uma reação a opressão a qual estão submetidos.

O problema é que na ótica dos setores dominantes, arrancarem pés de laranja em protesto é mais doído que a situação das famílias que vivem em acampamentos precários, nas margens das rodovias, por não terem terras para produzir alimentos.

Estes setores muitas vezes vão às vias de fato, como foi o massacre de Eldorado dos Carajás, onde foram assassinados 19 camponeses que lutavam para garantir o pão para seus familiares. Para eles, pés de laranja e boi são mais importantes que camponeses que querem terra para trabalhar.

Todos os anos são dezenas de assassinatos que acontece pelo Brasil por causa do conflito pela terra. Os trabalhadores não podem perder a esperança, cabe à maioria dos brasileiros o apoio à luta pela reforma agrária, que é justa.

A direita não perdeu tempo. Diante das imagens, encaminhou pela segunda vez no Congresso Nacional a abertura de uma CPI para investigar o financiamento do MST, dado que na primeira tentativa havia sido frustrada.

Querem na realidade alcançar dois objetivos:

1-Criminalizar o MST. Mas este movimento sensibiliza a maioria dos brasileiros. Não podemos deixar de apoiar a luta de quem quer trabalhar mas não tem terra para tal em um país continental. Temos ainda o dado de que quem produz os alimentos que consumimos são os pequenos produtores : quem produz arroz, feijão, farinha, etc. não é o agronegócio.
A preferência do agronegócio é a soja, quase 100% direcionada para exportação. Ou ainda a cana-de-açúcar, onde as condições de trabalho são noticiadas como uma das mais precárias neste país. Ou ainda o Eucalipto, que degrada a terra e é um verdadeiro deserto verde. O agronegócio, que o presidente Lula tanto ama, tem a inaceitável característica de ser altamente concentrador de renda, gerador de desigualdade social. Não podemos voltar aos tempos coloniais, onde a característica do Brasil por vários séculos foi ser exportadora de produtos primários. O processo de industrialização iniciado no governo Getúlio Vargas, passando por Juscelino Kubitschek etc. apesar de vários problemas, é o que permite o Brasil ter hoje uma economia robusta.

2-Impedir a revisão dos índices de produtividade agrícola. A versão em vigor tem como base o censo agropecuário de 1975. Com tal postura, o foco do debate agrário é deslocado dos responsáveis pela desigualdade e concentração para criminalizar os que lutam pelo direito do povo. Os novos indicadores demonstram, que apesar dos avanços técnicos, boa parte das grandes propriedades não é tão produtiva como seus donos alegam. Sendo assim, estariam disponíveis para reforma agrária segundo a legislação em vigor.

Conforme o Censo Agrário do IBGE, nos últimos dez anos a concentração fundiária aumentou. As pequenas propriedades estão diminuindo. Enquanto as propriedades com menos de 10 hectares ocupam menos de 2,7% do espaço total, os estabelecimentos rurais com mais de mil hectares concentram mais de 43%.

É preciso uma agricultura altamente moderna e socialmente justa, onde os trabalhadores do campo possam se associar para garantir a soberania alimentar e com o excedente, eliminar a desigualdade social.

Renomados intelectuais brasileiros e de outros países lançaram um manifesto em defesa do MST, convocando todos para um amplo movimento contra a criminalização das lutas sociais, realizando atos e manifestações políticas que demarquem o repúdio à criminalização do MST e de todas as lutas no Brasil.

Então mãos à obra. Esta é tarefa de todos os brasileiros que lutam contra as injustiças sociais.


Carlos Lopes
Microempresário, economista formado pela PUC-SP, membro do PSOL-Imperatiz. Outubro/2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Avanço tecnológico não chega à periferia.

O século XXI chegou com um mundo em pleno processo de mudanças. Os avanços tecnológicos são significativos e a internet se destaca neste processo.

Este meio de comunicação veio eliminando fronteiras por sua interatividade, onde o sujeito pode ter seu interlocutor em qualquer parte do mundo e com a liberdade em manifestar o que pensa, sem restrições.

Como todos os avanços tecnológicos, ter acesso a este meio de comunicação impõe uma barreira universal: a falta de condições financeiras da maioria da população, não só no Brasil, inclusive a nível mundial.

Vamos comentar esta situação focando o nosso Maranhão. Em nosso estado residem 6 milhões de habitantes. Destes, 1 milhão reside na capital São Luís, outros 1 milhão habitam cidades com mais de 80 mil habitantes, aí incluindo Imperatriz, Açailândia, Caxias, Timon, etc. Temos ainda 4 milhões residindo em cidades pequenas, maioria de no máximo até 10 mil habitantes.

Muitas destas pequenas cidades e povoados, até hoje não tem ainda o serviço de telefonia celular. Inclusive o serviço de telefonia fixa muitas vezes é precário, passando às fezes dias sem comunicação por falta de manutenção. Apesar da obrigatoriedade legal, a Anatel não tem tido força para obrigar as operadoras a prestar serviço de qualidade nestes pontos de menor densidade populacional, que ficam distantes de grandes centros.

Vejamos então, se a telefonia que já é um serviço tradicional e que há anos está à disposição da população até os dias atuais tem séria dificuldade em atender estas povoações menores, imagine a internet, que além do meio de acesso necessita que o usuário tenha um microcomputador e pagar tarifa mensal.

Mesmo em cidades onde o meio está disponível, apenas uma minoria consegue ter acesso, justamente em função do gargalo financeiro.

Este gargalo fica evidente quando observamos as estatísticas ou quando estamos em bairros periféricos. Aí não precisa ir muito longe. Podemos ver a situação de muitos bairros de Imperatriz.

Em Imperatriz, a maioria da população vive nos bairros, como em toda cidade grande. Mas aqui a situação dos bairros populares é totalmente caótica.

Fizemos uma sondagem, entrevistando moradores destes bairros, e a pergunta pedia para que mencionasse três grandes problemas de Imperatriz. Aí observamos o resultado das respostas:
1- Falta de saneamento básico: esgotos a céu aberto, ruas inacessíveis ou esburacadas, muitas residências se utilizando de fossas o que gera sério problema de higiene, etc.
2- Problema com água: Os bairros mais distantes não são atendidos adequadamente pela Caema, com freqüentes falta de água e até existência de ruas que só chega água pelo mecanismo da gambiarra.
3- Falta de iluminação: a maioria dos bairros tem iluminação pública precária e aqui também, nos bairros mais carentes, funciona o mecanismo da gambiarra. Apesar da prefeitura cobrar valor significativo com taxa de iluminação este problema afeta de forma direta milhares de habitantes de Imperatriz . A falta de iluminação adequada, além do desconforto gera ainda o problema de segurança, facilitando a ação de marginais.

Após este resultado, percebemos o tanto que o desenvolvimento tecnológico está distante da maioria da população. Mesmo o trivial, como saneamento básico, energia e água é acessível pela maioria de forma precária, imagine a internet.

Este quadro está difícil de ser revertido uma vez que os comandantes da política comungam da cartilha neoliberal, pregando a figura do Estado mínimo, onde as leis de mercado é que devem regular as formas de organização da produção. Não é por acaso que a CEMAR foi privatizada. Foi assim na era Sarney e não estamos vendo diferenças significativas neste início da era Jackson.

O Maranhão tem comungado o último lugar em matéria de desenvolvimento e o primeiro lugar em matéria de pobreza.

As iniciativas implantadas no estado como o cultivo de soja, eucalipto e siderúrgicas não tem se transformado em melhorias de renda para a maioria da população.

Esta barreira que impede o acesso e uso das novas tecnologias deve ser quebrada. Nesta tarefa necessariamente deve estar empenhado o governo municipal, estadual e federal. Mas estes governos parecem não representar os interesses da maioria e portanto a inclusão não só digital fica cada vez mais longe de ser alcançada.

Acabamos de ler uma notícia, que em Cingapura está sendo implantado um projeto para colocar fibra óptica em todas as residências e cada um de seus habitantes estarão interligados à internet a 1 gigabit. Isto significa 18 mil vezes mais rápido que a velocidade da linha discada que é de apenas 56 Kbit. 1 gigabit significa poder receber uma obra completa do dramaturgo inglês William Shakespeare em 40 milésimos de segundo.

Não precisamos copiar Cingapura, mas não podemos continuar na era da pedra lascada onde o básico não está acessível de forma satisfatória à maioria.

Há séculos a maioria do povo tem eleito e esperado alternativas de latifundiários, ricos proprietários e grandes comerciantes, mas só tem visto perpetuar as péssimas condições de vida da maioria. Eles não foram e não são capazes nem mesmo de resolverem os problemas básicos da maioria, como os acima mencionados.

Urgente se faz necessário que as camadas populares, os trabalhadores, criem formas de organização e estabeleçam um programa de ação para superar este quadro. Assim poderemos alcançar também a inclusão digital.