sábado, 3 de setembro de 2011

Boitempo lança os Grundrisse​, de Karl Marx

Nouriel Roubini: "Karl Marx estava certo"

A crise afeta o epicentro do capitalismo mundial. EUA, Inglaterra, França, Itália, Espanha, Japão etc. estão patinando ano a ano em crescimento econômico raquítico. Na Grécia, profunda crise, os trabalhadores e demais movimentos populares tomaram as ruas protestando contra as medidas que jogam o ônus da situação sobre os assalariados.


Países árabes como Egito, Síria, Líbia etc. sob pressão da situação econômica e política, as multidões vão às ruas de peito aberto enfrentando a truculência dos tiranos.



domingo, 21 de agosto de 2011

Trabalhador assalariado e operário: a fonte do lucro dos capitalistas.


Trabalhador assalariado e operário: a fonte do lucro dos capitalistas.

Postamos comentário sobre a diferença entre dinheiro e capital e em seguida sobre mais-valia. Entre outros, são conceitos básicos para entendermos o que é capitalismo.
Ficou claro que sem mais-valia não existe capital.

Vamos agora comentar sobre quem de fato gera riqueza no modo de produção capitalista.

CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL

Para que o dinheiro se transforme em capital é necessário que o capitalista invista com o objetivo de conseguir mais valor, ou seja, obter lucro. O capital é dividido em duas partes: capital constante e capital variável. Capital constante é o maquinário, matérias-prima, prédios etc., e o capital variável são os salários pagos aos trabalhadores.

Quando comentamos sobre mais-valia ficou explícito que o capital constante não acrescenta, apenas transfere valor ao produto final. No processo de produção as matérias primas são transformadas em produto final, não criando nenhum grão de valor a mais.

QUEM DE FATO GERA MAIS VALOR É O TRABALHO

Quem de fato gera mais valor é o trabalho. O salário do trabalhador é apenas o necessário para sua sobrevivência de acordo com o ambiente social onde vive. O valor que seu trabalho gera a mais (mais-valia), no processo de produção, é apropriado pelo capitalista. O único interesse de o capitalista investir na produção de mercadorias é justamente se apropriar desta mais-valia, fonte real do lucro.

TRABALHO COLETIVO

O grande salto para o capitalismo foi o surgimento de unidades produtivas reunindo muitos trabalhadores assalariados para produzir mercadorias sob o comando do capitalista. Antes o artesão era senhor de todo o processo de produção. Agora para sair um produto depende do trabalho associado de vários trabalhadores. É a completa alienação do trabalhador com a venda de sua força de trabalho. Já não mais produz para si, não é mais senhor do processo de produção, pois precisa de um coletivo para concluir o produto final e o comando de tudo é do capitalista. O trabalho é coletivo, mas o que excede o valor dos salários e do capital constante utilizado no processo é apropriado pelo capitalista, transforma-se em propriedade privada. O trabalho é coletivo mas o resultado , o excedente é apropriado pelo capitalista, é transformado em propriedade privada.


FIM DA HISTÓRIA?
FIM DA CLASSE OPERÁRIA?

Com o avanço e a era de ouro do capitalismo no pós-guerra (segunda guerra mundial), surgiram emaranhados de teorias que fortaleceram a hegemonia ideológica da burguesia. “Fim da história”, “fim da classe operária" etc., são exemplos de algumas ideias com o único propósito de negar a necessidade da luta pelo comunismo.

O pior de tudo é que intelectuais e correntes políticas que se autodenominam de esquerda também criaram suas vertentes e anunciavam a reinvenção da roda. Só aumentaram o caldo da confusão ideológica e política no seio dos que lutam pela transformação social.

Uma delas é achar que trabalhador assalariado e operários são sinônimos. Todo operário, o trabalhador que está vinculado diretamente à produção, é trabalhador assalariado, mas nem todo trabalhador assalariado é operário.  Para muitos, todos os trabalhadores que vivem do salário têm os mesmos interesses e devem se unir para transformar a sociedade. Com este tipo de conceito, formulam propostas “cabeludas”. No máximo criticam os excessos da exploração capitalista. Em vez da superação do capital, propõem distribuição de renda como se fosse possível convencer “jacaré ser vegetariano”. Não questionam o cerne da questão que é a relação de total dominação do capital sobre o trabalho. Sugerem que com algumas reformas é possível “humanizar o capitalismo” e santificam os “bons” burgueses.

CONTROLAR OS OPERÁRIOS NA ROTINA DIÁRIA DE PRODUÇÃO

Vamos então à questão da diferença entre o trabalhador assalariado e o trabalhador operário.
O presidente da Volkswagen do Brasil é um trabalhador assalariado. É com certeza um dos maiores salários do país. Não é necessário escrever só uma linha para demonstrar que os interesses deste executivo nada tem a ver com os interesses do trabalhador da linha de produção. Em parte, isto se estende ao gerente da média ou pequena fábrica. O capitalista lhes confia a função de controlar o processo de geração de mais valor, ou seja, controlar os operários na rotina diária de produção.

Apesar de assalariados, os diretores, gerentes e supervisores têm uma série de regalias em comparação aos operários da linha de produção e em relação aos trabalhadores que executam a distribuição e controle para que a produção seja viabilizada. Dos operários o capitalista quer produção. Dos diretores, gerentes e supervisores quer fidelidade para impor disciplina rigorosa aos operários, impor controle para extração de mais valor. Dos demais trabalhadores assalariados que não são operários e não exercem cargo de confiança do capitalista, devem atuar na distribuição e controle da riqueza com a mesma disciplina que é imposta aos operários, para garantir a realização do lucro.  O operário é um trabalhador assalariado, mas a maioria dos trabalhadores assalariados na atualidade, não são operários. O operário, que também é assalariado é o agente direto gerador da riqueza e fonte objetiva do mais valor para o capital. O trabalhador assalariado que não é operário e que  trabalha para viabilizar a distribuição sem exercer função de gerência ou supervisão  está submetido à exploração do capital ao mesmo nível dos operários.

. Não produzem riqueza, mas seu trabalho é fundamental para que o capitalista se aproprie da maior parte do mais valor gerado pelos operários.

UMA SOCIEDADE SÓ SOBREVIVE SE HÁ TRABALHO QUE TRANSFORME A NATUREZA

Uma sociedade só sobrevive se há trabalho que transforme a natureza. Esta necessidade independe do modo de produção, seja primitivo, asiático, escravista, feudal, capitalista ou comunista. São os trabalhadores que interagem com a natureza direta ou indiretamente (no caso de já atuarem sobre a matéria-prima) que produzem toda riqueza material que a sociedade necessita. Sem o trabalho destes não tem como existir sociedade.

"O trabalho, como criador de valores-de-uso, como trabalho útil, é indispensável à existência do homem – quaisquer que sejam as formas de sociedade -, é necessidade natural e eterna de efetivar o intercâmbio material entre o homem e a natureza e, portanto, de manter a vida humana.” Karl Marx - O Capital- Livro I Volume 1 - pag. 64/65 - Ed. Civilização Brasileira 20ª Edição

PARA EXISTIR CAPITALISMO É NECESSÁRIA A PRODUÇÃO DE MERCADORIAS

Para existir capitalismo é necessária a produção de mercadorias. A divisão social do trabalho é condição para que exista produção de mercadorias. O produto final é resultado do trabalho coletivo. Esta condição repercute diretamente sobre o trabalhador.

TRABALHO CONCRETO

Definimos trabalho como criador de varlor-de-uso, trabalho útil, concreto, “eterna necessidade da vida social” sem o qual não existe homem na face da terra.

Trabalho concreto, útil, é a produção de valores-de-uso e nesta condição interessa sua qualidade: mesa, cadeira, casaco, prédio etc.

TRABALHO ABSTRATO

No processo de produção de mercadorias surge uma nova categoria. É o trabalho abstrato. “O trabalho abstrato se refere à produção de mais-valia. Tudo que produz mais-valia é trabalho abstrato.” Sérgio Lessa - Trabalho, trabalho abstrato, trabalhadores e operários.
Trabalho abstrato é “dispêndio de força humana de trabalho”(Karl Marx), substância que iguala o trabalho social pela média, independente do produto final. É a substância que permite definir o valor contido nas mercadorias. Aqui só interessa a quantidade e a duração de seu tempo de trabalho humano do que seja produzido. É a substância que na relação entre as mercadorias, define o valor-de-troca.

“Se o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho gasta durante sua produção, poderia parecer que, quanto mais preguiçoso ou inábil um ser humano, tanto maior o valor de sua mercadoria, pois ele precisa de mais tempo para acabá-la. Todavia, o trabalho que constitui a substância dos valores é o trabalho humano homogênio, dispêndio de idêntica força de trabalho. Toda força de trabalho da sociedade – que se revela nos valores do mundo das mercadorias – vale, aqui, por força de trabalho única, embora se constitua de inúmeras forças de trabalho individuais. Cada uma dessas forças individuais de trabalhos se equipara às demais, na medida em que possua caráter de uma força média e trabalho social e atue como esta força média, precisando, portanto, apenas do tempo de trabalho em média necessário ou socialmente necessário para a produção de uma mercadoria.” Karl Marx - O Capital – Livro I volume 1 – Pagina 60-61- Ed. Civilização Brasileira 20ª Edição.

Temos então duas categorias. A primeira chamamos de trabalho concreto ou simplesmente trabalho, “eterna necessidade da vida social”, que de fato produz valores-de-uso, independente destes valores-de-uso se transmutarem ou não em mercadoria. É o trabalho concreto, útil. A segunda, trabalho abstrato, uma categoria específica da sociedade capitalista, uma sociedade voltada a produzir mercadorias cujo objetivo é extrair mais-valia. É a substância que fornece unidade e referência de valor na relação de troca.

Temos a transmutação do trabalho em trabalho abstrato; de valor-de-uso em mercadoria. Os produtos vão ao mercado para que o capitalista possa realizar o mais-valor.

“Em todos os estágios sociais, o produto do trabalho é valor-de-uso; mas só um período determinado do desenvolvimento histórico, em que se representa o trabalho despendido na produção de uma coisa útil como propriedade “objetiva”, inerente a essa coisa, isto é, como seu valor, é que transforma o produto do trabalho em mercadoria.” Karl Marx – O Capital –Livro I volume 1 – Página 83 - Ed. Civilização Brasileira 20ª Edição

MESMO NO CAPITALISMO AVANÇADO QUEM DE FATO GERA RIQUEZA É O TRABALHO OPERÁRIO.

Agora ficou fácil entender quem de fato produz riqueza no capitalismo. É o “ trabalho operário, aquele que, nas sociedades capitalistas é, por essência, o típico intercâmbio orgânico com a natureza. Ao transformar a natureza o trabalho operário produz uma riqueza antes inexistente. A quantia total da riqueza social se acresce com cada minuto de trabalho operário, pois ele, ao converter natureza em bens sociais, produz o “conteúdo material da riqueza””. Sérgio Lessa -Trabalho, trabalho abstrato, trabalhadores e operários. 

Mesmo no capitalismo avançado quem de fato gera a riqueza é o trabalho operário. Com a dinâmica complexa imposta pelo capitalismo, surgem novas práxis sociais que apesar das aparências, quem lhes dá sustentação é a riqueza produzida pelo trabalho operário.

Temos então que uma parte do trabalho abstrato que produz mais-valia tem origem no trabalho operário, e “outra parte, realiza a transformação desta mais-valia em dinheiro”(Sergio Lessa).
Temos uma riqueza gerada pelo trabalho do operário. Para esta riqueza se transformar em dinheiro é necessário toda uma mobilização na área da distribuição, na comercialização, etc. Sem isto, o capitalista que investe na produção não se apropria da mais-valia gerada pelo trabalho dos operários nem tem de volta o valor que investiu em matéria-prima, maquinário etc. e em salários.

O ASSALARIADO OPERÁRIO GERA RIQUEZA E VALORIZA O CAPÍTAL, O ASSALARIADO NÃO OPERÁRIO APENAS VALORIZA O CAPITAL

O capital industrial se apropria de parte da mais-valia gerada no processo de produção e “libera” outra parte para o capital que atua na distribuição, finanças ou em outros setores da sociedade. Esta divisão é necessária para transformar todo o investimento e a mais-valia em dinheiro. Para comercializar as mercadorias ou viabilizar outras atividades não ligadas ao ato de produzir é contratado trabalho assalariado. Este trabalho assalariado que não atua diretamente na produção, não gera mais riqueza, mas gera mais-valia ao capitalista do ramo comercial, financeiro, etc. Para o capitalista tanto faz se apropriar da mais-valia do assalariado que atua diretamente na produção ou em outra atividade. O assalariado operário gera riqueza e valoriza o capital. O assalariado em outras atividades não gera riqueza, apenas valoriza o capital.

“Para ficarmos com Marx, peguemos os dois exemplos que o debate tornou clássico: o da cantora de ópera e do mestre escola. Ambos podem produzir mais-valia na condição de ter sua força-de-trabalho comprada por um capitalista. O burguês sai do negócio com seu capital ampliado: o arrecadado com os bilhetes ou com as mensalidades escolares é um montante maior do que ele pagou pelo trabalho do professos, ou da cantora, somado aos “custos” do negócio. A geração desta mais-valia se deu sem a transformação da natureza: o dinheiro que as pessoas tinham no bolso e que repassaram ao capitalista como pagamento dos bilhetes da ópera, ou das mensalidades escolares, se transformou em capital nas mãos do burguês. Se os consumidores tiraram de seus bolsos 20 reais, estes mesmos 20 reais entraram no bolso do capitalista. É, portanto, uma mera troca de notas de um bolso no qual as notas servem para consumo, para outro bolso, no qual cumprem a função de capital. A riqueza total da sociedade permaneceu precisamente a mesma, nem um grão foi acrescida por esta troca de notas entre o bolso do consumidor e o bolso do capitalista. Esta é a acumulação de mais-valia pela transformação de dinheiro em capital.” Sérgio Lessa - Trabalho, trabalho abstrato, trabalhadores e operários.

O resultado desta equação, é que quase toda riqueza existente na sociedade capitalista é gerada pelo trabalho do operariado. “Sendo o trabalho operário a origem de toda a riqueza social ( o que não quer dizer, atenção, a única fonte de mais-valia, como vimos), isto significa que todo o restante da sociedade vive da sua exploração. Ou seja, a única classe que vive do seu próprio trabalho é a classe operária. Por esta razão é esta a única classe social para a qual a extinção da propriedade privada é condição primeira para sua emancipação. Todas as outras classes vivem, direta ou indiretamente, da exploração do trabalho operário e têm, por isso, na propriedade privada os meios de produção condição de sua existência.” Sérgio Lessa - Trabalho, trabalho abstrato, trabalhadores e operários. 

Esta é a forma dominante, por isto é capitalismo. Convive com outras formas.

O CAMPONÊS NÃO FAZ PARTE DO TRABALHADOR COLETIVO MAS TAMBÉM PRODUZ RIQUEZA

O camponês não faz parte do trabalhador coletivo mas também produz riqueza. Em seu trabalho autônomo e familiar, produz para sua subsistência. Não produz mais-valia, não há aqui uma relação capitalista de produção, pois é dono do fruto de seu próprio trabalho. Mas quando o camponês leva o resultado de seu trabalho ao mercado não tem poder de competir com os preços de produto similar, fruto da produção de unidades capitalista agrícola, onde o trabalho é assalariado e coletivo.

CONTRADIÇÃO INSOLÚVEL NOS LIMITES DO CAPITALISMO

Como o trabalho operário é a força que de fato gera riqueza é a classe social mais sujeita à exploração e ao domínio do capitalista. Esta é contradição insolúvel nos limites do capitalismo.

O assalariado operário e o assalariado não operário mantêm relação diferente com a produção. O assalariado operário “mete a mão na massa” e de fato gera riqueza. O assalariado não operário tem a função de controle, distribuição, vendas etc., e não gera nenhuma riqueza. Todos estão sob controle do capitalista mas o rigor é total quando se trata do assalariado operário.

PROLETARIADO É O ASSALARIADO OPERÁRIO

Para nós, proletariado é o assalariado operário. É quem verdadeiramente só tem a ganhar com a revolução comunista. Como é quem produz riqueza de forma abundante, tem potencial para romper com a exploração capitalista, aglutinar em torno de seu projeto as demais classes sociais exploradas (assalariados não operários, camponeses, etc.)

CLASSE SOCIAL COM POTENCIAL PARA TRANSFORMAR A SOCIEDADE

É a classe social que tem em potencial condição e poder para construir uma sociedade sem classes sociais, onde os produtores livremente associados possam construir um mundo liberto das carências materiais, uma sociedade livre de qualquer tipo de opressão. É a única classe social que em potencial tem condição e poder de libertar a humanidade da barbárie. “É esta a única classe social para a qual a extinção da propriedade privada é condição primeira para sua emancipação.” Lessa 

Esta concepção formulada por Marx se mantém atual. Outros caminhos formulados por diversas vertentes teóricas não passam de ilusões reformistas nos limites da exploração capitalismo. Não por acaso a humanidade vive hoje um dos maiores dramas de sua história: aprofundamento em massa da exploração, violência e barbárie.

Aos militantes que acreditam na possibilidade da construção de uma nova sociedade, cabe a tarefa de estudar e entender a estrutura de classes e suas relações. Isto em todos os níveis: na vila, no município, no estado, no país, no mundo. Precisa entender que a classe social a quem verdadeiramente interessa a transformação da sociedade é o operariado, principal gerador da riqueza no capitalismo.

A teoria que é verdadeiramente revolucionária, a teoria do ponto de vista do operariado, que se contrapõe às concepções burguesas, é a teoria formulada por Marx e Engels. Importantes revolucionários como Lenin, Gramisc, entre outros, deram decisiva contribuição teórica para quem luta pela transformação social. 

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O processo de produzir mais-valia*

Desde o século XIX o capitalismo é a forma dominante nas relações de produção.

Em postagem anterior, fizemos breve comentário como o dinheiro se transforma em capital. Ficou no ar a dúvida como é gerado o mais valor que faz o capital crescer como uma bola de neve.

Vamos fazer breve comentário sobre este processo e tentar entender o que Marx decifrou.

Quando o capitalista vai ao mercado com dinheiro, compra mercadoria e troca novamente por dinheiro, no processo D – M – D’(onde D = dinheiro; M= mercadoria; D’= Dinheiro acrescido do lucro obtido com a venda da mercadoria). Esta movimentação tem um único objetivo: obter lucro.

De onde vem então este valor a mais?

O capitalismo é um modo de produção voltado a produzir mercadorias. Na realidade a mercadoria só camufla a essência, pois o objetivo real é gerar mais valor extraindo mais-valia da força de trabalho.

A força de trabalho se diferencia de todas as outras mercadorias pelo fato peculiar de gerar o que o capital tanto almeja: mais-valia.

Para que a mercadoria, força de trabalho, exista, é fundamental uma série de condições mas a principal é que existam trabalhadores despojado de qualquer outro meio de vida a não ser a venda de sua mercadoria: a força de trabalho. Estes trabalhadores devem ter liberdade para vender a quem quiser sua mercadoria.

Para produzir mercadorias, cujo único objetivo é obter lucro, o capitalista compra a matéria prima, prédios, maquinário, tudo o que é necessário no processo de produção. No caso da produção de sapatos, vamos supor que o capitalista compra couro e maquinário.

Além de matéria prima e maquinário, precisa contratar a força de trabalho. Em comum acordo com o trabalhador, contrata a força de trabalho por R$ 40,00 a diária.

Fato importante é que este valor corresponde ao necessário para o trabalhador repor suas energias e ter forças e ambiente de vida para todos os dias estar trabalhando. Quando está em seu posto de trabalho, precisa apenas de 4 horas para gerar o valor de R$ 40,00(admitimos aqui trabalho social).

Está aqui tudo pronto para iniciar a produção de sapatos. Vamos entrar em operação e fazer a contabilidade.

Vamos supor que para produzir um par de sapatos investiu na aquisição de couro o equivalente a R$ 60,00. Para produzir este sapato, tem desgaste do maquinário que vamos supor custe R$ 10,00.

Vamos admitir que nosso trabalhador em ½ diária transforma couro em sapatos e é o tempo que precisa para produzir o suficiente para sua subsistência, R$ 40,00. Assim podemos fechar a seguinte contabilidade:

Aquisição de couro e desgaste do maquinário = R$ 70,00; (60,00 + 10,00)
½ diária para transformar couro em sapato ............= R$ 40,00
Valor do sapato.......................................= R$ 110,00

Vamos então ao mercado. O valor do sapato é R$ 110,00. Sendo assim o capitalista não consegue um centavo de lucro. Investiu R$ 110,00 e conseguiu ter como retorno R$ 110,00.

Mas é justamente aqui onde está o pulo do gato.

O trabalhador vendeu sua força de trabalho ao capitalista pelo valor combinado e o suficiente para sua subsistência. Vendeu pelo valor de troca, onde outros trabalhadores também estavam dispostos a fazê-lo nas mesmas condições.

Supomos que o capitalista paga R$ 40,00 pela jornada diária do trabalhador. Destacamos que o trabalhador precisa apenas de 4 horas de produção para repor os R$ 40,00 que corresponde ao valor combinado da diária.

Ao vender sua força de trabalho, o trabalhador assumiu o compromisso de executar a diária em uma jornada de 8 horas. Assim o capitalista pode utilizar esta mercadoria, a força de trabalho, da forma que achar mais produtiva neste intervalo, pois o valor-de-uso desta mercadoria lhes pertence neste período.

Produzindo apenas um par de sapatos o capitalista não conseguiu obter lucro.

Vamos ver o que acontece quando produz dois pares de sapatos:
Investimento em couro = 2 x 60,00 = 120,00
Desgastes de maquinário = 2 x 10,00 = 20,00
1 diária para transformar couro em sapatos = 40,00 (mesmo valor para produzir um par)
Total investido....................................= 180,00

É importante observar que o trabalhador continua recebendo o mesmo valor da diária produzindo um, dois ou mais sapatos neste intervalo. O que produz além dos R$ 40,00 é de propriedade do capitalista. O capitalista contrata a força de trabalho exclusivamente para se apropriar desta riqueza excedente.

Já sabemos que o valor do par de sapatos é R$ 110,00. Assim dois pares correspondem a R$ 220,00. Para produzir dois pares de sapatos o capitalista investiu apenas R$ 180,00. Conseguiu seu objetivo, lucrou R$ 40,00. Finalmente o dinheiro se transformou em capital. A bola de neve do capital segue o modelo D – M – D’.

Este é um retrato simplificado da lógica que rege o modo de produção capitalista. A Questão está esclarecida: aqui quem gera mais valor e possibilita o acumulo de capitais é a mais-valia gerada pela dedicação do trabalhador. O capitalista só teve lucro porque se apropriou da riqueza excedente gerada pela força de trabalho.

Na próxima oportunidade comentaremos com mais detalhe a mais-valia.


*O Capital – Karl Marx- Livro I Volume 1 - PP 220 a 231 – Ed. Civilização Brasileira – 25® Edição

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Transformação do dinheiro em capital*.

É comum achar que dinheiro e capital são sinônimos.

Esta questão é estudada em “O Capital”, obra principal de Karl Marx.

Referenciado em Marx vamos fazer uma resumida análise.

Quando recebemos nosso salário e vamos ao supermercado comprar pão, feijão, arroz, carne, etc., não tenha dúvida que estamos lidando com dinheiro.

Vendemos nossa força de trabalho que é uma mercadoria, em troca recebemos salário na forma de dinheiro e com este dinheiro compramos o necessário para nos alimentar e o que for básico para nossa vida.

Temos aqui o processo que representamos com M – D – M, onde M quer dizer mercadoria e D, dinheiro. Partimos da mercadoria, trocamos por dinheiro e finalizamos com a compra de outras mercadorias para satisfazer nossas necessidades. Quando finalizamos o processo, comprando mercadorias temos como objetivo seu valor-de-uso.

Em uma economia camponesa o processo é similar. O camponês satisfaz boa parte de suas necessidades em sua relação com a natureza. Ao trabalhar pessoalmente na terra, dela extrai boa parte dos alimentos que consome. Como precisa de algum complemento, leva parte de seu excedente como feijão, mandioca, etc. à feira, troca por dinheiro e compra café, açúcar, sal, óleo etc. Algo que sobra no bolso não tem outro objetivo a não ser comprar algo que lhes tenha valor-de-uso. Não tenhamos dúvida que esta movimentação só utiliza o dinheiro para satisfazer ao que é necessário à existência conforme o modo de vida. Nestas condições, o dinheiro não tem outra utilidade a não ser meio de troca para adquirir valor-de-uso.

Permanece então o esquema M – D – M, onde o M final tem como objetivo seu valor-de-uso.

Vamos analisar agora a forma onde o dinheiro se transforma em capital.
Aqui o processo parte do dinheiro. Temos o dinheiro acumulado de alguma forma e pretendemos que aumente seu valor. Para conseguir o aumento de seu valor o que podemos fazer?

Pegamos o dinheiro, vamos ao mercado comprar mercadoria com o único objetivo de revender com valor maior e realizar o que desejamos: ter lucro. Esquematicamente temos:

D – M – D’.

É importante observar que aqui não temos nenhum desejo de consumir a mercadoria, mas o único objetivo de revendê-la com lucro. O que nos interessa aqui é o valor-de-troca da mercadoria, o valor a mais que obteremos na transação.

Vamos definir que compramos um par de sapatos por R$ 100,00 e revendemos por R$ 110,00. Obtivemos lucro de R$ 10,00. Retornamos ao mercado e repetimos esta operação enquanto obtiver lucro. Não tenhamos dúvida que neste caso o dinheiro se transformou em capital. Ter dinheiro, comprar mercadoria para vender e obter mais dinheiro. Este é o papel do dinheiro como capital.

Mas surge uma curiosidade. De onde sai este valor a mais, onde é produzida esta riqueza?

Imaginemos que tenha no mercado camisas cujo valor unitário seja também R$ 110,00. Como meu sapato vale R$ 110,00 o certo é trocar apenas um par de sapatos por uma camisa. Mas vamos admitir que na esperteza eu consiga que o dono da camisa concorde em fazer a troca e me devolver R$ 10,00. Como camisa mais sapato somam R$ 220,00, nesta operação o dono da camisa perdeu R$ 10,00 e ganhei R$ 10,00. No total a riqueza não alterou o valor. Apenas o que para um foi prejuízo, para o outro foi lucro, no total os valores permanecem R$ 220,00.

Caso a lógica da sociedade seja esta, não haverá acréscimo de riqueza e no dia que todos forem espertos não poderá haver ganhador, pois todos estão armados com o conhecimento para não serem enrolados. Aí ninguém vai conseguir fazer troca dando prejuízo ao outro. Sem ganhar valor a mais,ninguém irá fazer uso de seu dinheiro como capital.

Mas no mundo real acontece o contrário. É desejo unânime de quem tem dinheiro acumulado, usá-lo como capital para obter lucro.

Onde está o segredo deste negócio? De onde surge este valor a mais em uma relação de compra e venda de mercadorias?

No próximo capítulo vamos analisar de onde surge o mais valor.

*O Capital – Livro I Volume I - Karl Marx – PP 177 “1. A FÓRMULA GERAL DO CAPITAL – Ed. Civilização Brasileira Edição 25ª.

domingo, 17 de abril de 2011

A caneta de sangue de Roseana Sarney e o sangue de luta dos professores *

Devemos manifestar nossa indignação com relação a situação da educação no Estado do Maranhão. Os professores em greve manifestam sua repulsa à política da oligarquia Sarney que matém milhões no mundo do analfabetismo e péssima estrutura educacional em todos os níveis. Para amendrontar os professores a governadora faz uso de todos os artifícios anti-éticos.

Nosso total apoio ao manifesto do Prof. Hertz Dias reproduzido abaixo:

"A caneta de sangue de Roseana Sarney e o sangue de luta dos professores *"

Gramsci e tantos outros “intelectuais militantes” diziam que a dominação de classe no capitalismo se dá por consenso/convencimento ou por coerção/repressão.Quando a primeira alternativa falha, entra em cena a segunda. Os métodos utilizados pela governadora Roseana Sarney e sua Secretária de Educação Olga Simão contra os professores em greve no Estado do Maranhão confirmam essa máxima marxista. Eu mesmo tive oportunidade de participar de uma reunião na escola em que leciono com a então recém-empossada secretária de Educação. A leveza na fala e a atenção dispensada às angústias e denúncias dos professores impressionavam. Para alguns desavisados a postura dessa senhora era digna de auréolas. Pura impressão! Bastou iniciar a greve para a essência se sobrepor à aparência. O governo Roseana (PMDB/PT) resgatara sua fisionomiamais draconiana. Em primeiro lugar, assistimos a uma avalanche de notas distorcidas na imprensa que colocava os professores em condição de mercenários. Diziam que recebíamos o melhor salário do Brasil e que queríamos prejudicar os estudantes. Para isso, comparavam o salário de professores com nível superior e mais de 20 anos de sofrida docência no Estado do Maranhão com companheiros com nível médio em início de carreira em outros estados. A oligarquia Sarney usava a TV Mirante como “escudo” da juventude pobre do Maranhão e perguntava: a quem interessa essa greve? Mas,o pé do governo sangrou, o tiro saiu pela culatra e atingiu seu calcanhar de Aquiles. Erraram por atacar o conjunto da categoria, grevistas e não grevistas; assanharam a categoria, as escolas foram silenciadas e o movimento ensurdeceu as ruas. A tática do convencimento de Roseana mostrava seus limites e debilidades; a “caneta” precisava sangrar em favor da repressão.

A primeira canetada de Roseana Sarney foi para financiar entidades estudantis que emergiam do submundo das escolas para tentar atacar moral e fisicamente professores. O subserviente deputado Roberto Costa (PMDB) aparece em fotos junto com “estudantes” em manifestação contra a greve em frente à sede do sindicato. Ao seu lado, um carro de placa branca do governo do Estado “alimentava” os jovens com panfletos, água e lanches. Houve tentativa de invasão da sede do sindicato. A segunda canetada repressiva do governo partiu do judiciário. Só para lembrar Gramsci, é na esfera político-jurídica que se encontra o “punho de aço” do Estado. Ou seja, é onde se concentra a repressão. O desembargador Marcelo Carvalho Filho julgava a greve ilegal, com base em argumentos pra lá de inescrupulusos. Engana-se quem pensa que esse senhor tomou uma decisão judicialmente equivocada. Pelo contrário, a decisão foi política. Considerar que greve na educação coloca a vida dos indivíduos em risco de morte enquadrando-a na Lei 7.783/89 é um ato que, se vivêssemos de fato numa democracia, seria suficiente para arrancar a toga e cassar o diploma desse senhor. Mas, como já afirmamos, essa foi uma decisão politicamente correta no universo de injustiças que sustenta o grupo Sarney. O mesmo ato judicialmente insano foi praticado no STF pelo ministro Ricardo Lewandowski, que negou prosseguimento ao pedido do sindicato. Uma grave demonstração de que as garras do grupo Sarney estão fincadas no conjunto das instituições do Estado brasileiro e não apenas do Maranhão. Aqueles educadores que alimentavam ilusões no judiciário e na democracia burguesa foram obrigados a rever suas posições. Com tanto descalabro, o sangue da categoria ferveu e o pulso bateu mais forte. Roseana Sarney apostava suas fichas no STF, mas a categoria apostou nas mobilizações.

A continuidade da greve foi ratificada em assembléia no dia 07 de abril com cerca de 3 mil professores. O governo de Roseana entrava em um frenético desespero. No dia seguinte (sexta-feira) realizaram uma reunião com a susserania do governo e no sábado com dezenas de diretores de escolas. O governo exigia dos seus vassalos fidelidade plena. Uma onda de terror tomou conta da educação pública do Maranhão. Eram telefonemas e mais telefonemas aos professores. Especialmente aos contratados e recém-nomeados, ameaçando-os de devolução ou mesmo de demissão, conforme ocorreu no município de Barra do Corda. Uma “força tarefa” nunca vista na educação do Maranhão foi montada em caráter de urgência pelo governo. A maioria das escolas foi ocupada por técnicos da SEEDUC (Secretaria de Educação) para desempenhar uma função não prevista na LDB, a de capataz de governo. O estado de exceção foi instalado. Grevistas estão sendo tratados com quadrilheiros, alunos como detentos e as escolas como presídios. Correntes e cadeados novos impedem alunos de sair e professores grevistas de entrar nesses recintos públicos. Muitos professores estão acuados, outros aterrorizados, alguns foram internados com crise de nervos. Tudo isso deveria ser suficiente para a direção do SINPROESEMMA (CTB) excluir do Estatuto do Educador a famigerada Avaliação de Desempenho, sob pena de essa mesma avaliação tornar-se o último tijolo da muralha que tenta fazerda escola pública um feudo da oligarquia Sarney.

Ouço, como piada, diretores e os ditos “técnicos” dizerem que, por serem professores, são solidários à nossa luta, mas que, por outro lado, nada podem fazer a não ser cumprir as ordens “supremas”. Solidariedade seria entregar os cargos ou pelo menos se negarem a cumprir ordens punitivas contra colegas de profissão. Mas não! as escolas foram lacradas. Vários professores foram substituídos por outros que não aderiram à greve, numa clara tentativa de jogar a categoria contra a própria categoria. Infelizmente, entre os trabalhadores há aqueles que se submetem a situações humilhantes e indignas. Mas há aqueles, uma maioria absoluta, que trazem nas veias o sangue lutador. Continuam nas ruas, fazendo aquilo que podem, enfrentando diretores, jornalistas reacionários e as ameaças de exoneração. Até a principal BR do Maranhão foi bloqueada no intuito de desbloquear as negociações emperradas pelo autoritarismo neofacista do governo do Estado. A greve de uma categoria foi transformada em guerra de classe. Gostaria de saber aonde os “coveiros” da luta de classe, especialmente os pós-modernos, irão enfiar suas caras e teorias? Neste contexto, a razão comunicativa da sociedade dialógica de Habermas não passa de um cadáver fantasmagórico, morto pela realidade concreta, apesar de existir apenas como idealismo infantil no mundo capitalista. Repito, essa greve é uma guerra de classe contra classe.

Vergonhoso também é o papel que o PT e a CUT do Maranhão assumem nesse mesmo cenário. E preciso lembrar que o PT é parte desse governo, tem o vice-governador e alimenta a caneta de Roseana Sarney com o sangue de nossa classe. A CUT se esconde e não lança uma única nota em apoio à greve dos professores. Na verdade, lideranças históricas da CUT e do PT estão envolvidos até a medula nos casos de corrupção da FAPEMA do INCRA. Assim, como a categoria enterrou simbolicamente a governo de Roseana Sarney no ultimo dia 15/04 (quinta-feira), aos militantes desse PT um gesto importante para a greve seria se desfilarem em massa desse partido, desenterrando-o dos seus corações e mentes.

E lamentável ver tamanha covardia com uma categoria de homens e mulheres que passam mais tempo com os filhos da comunidade onde estão localizadas suas escolas do que com seus próprios filhos. É lamentável ouvir jornalistas como Roberto Fernandes que sempre nutriu uma grande simpatia da classe trabalhadora desse estado reproduzindo fielmente o discurso criminalizador de seus patrões da Mirante. Espero que o espírito desse camarada não esteja assombrado pelos “fantasmas” que rondam a Assembléia Legislativa do Maranhão? Na verdade, não são apenas os educadores que estão na alça de mira desse governo, mas a juventude de periferia que igualmente clama por uma educação de qualidade. “Prefiro ficar com sede até o final do horário do que beber essa água com gosto de esgoto”, assim desabafou uma aluna da escola Paulo XVI após aderir ao ato dos professores no bairro Cidade Operária. Não tenho dúvida que aqueles que negam uma educação de qualidade para esses jovens são os mesmos que entopem os bairros de periferia com crak, merla e armas. Essa é a politica de mão dupla do governo Roseana para a juventude pobre e negra. Os familiares dos 18 massacrados em Pedrinhas que os digam.

Eu, particularmente, não acredito na possibilidade de universalização da educação pública no capitalismo, nem muito menos que a educação irá resolver os graves problemas estruturais desse modo de produção. Na hierarquia de organização da sociedade capitalista a escola é um importante espaço de disputa por poder, mas não é dela que emana o poder dos que controlam a sociedade como um todo. No entanto, entendo que a luta por uma educação pública de qualidade é uma tarefa que não devemos abrir mão de jeito algum, especialmente num estado como o Maranhão que ocupa os mais baixos IDH’s do Brasil. A luta por uma educação libertadora deve ser parte da luta por uma sociedade de homens e mulheres livres. Por isso continuo orgulhoso em ser professor da escola pública e de, juntamente com outros (as) companheiros (as), dedicar uma parte preciosa de minha vida para lutar por uma educação pública e de qualidade, no que pese todo e qualquer tipo de retaliação.

* por Hertz Dias, graduado em História, mestre em educação e militante da CSP Conlutas-MA.

Copiado do seguinte endereço:

http://educacaocomlutasma.blogspot.com/2011/04/caneta-de-sangue-de-roseana-sarney-e-o.html

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Silvia Santos critica Presidente do PSOL sobre a nota de falecimento do ex-vice-presidente José Alencar

Frente à morte do ex-vice-presidente José Alencar


*Silvia Santos – Executiva Nacional PSOL – Corrente Socialista dos
Trabalhadores*

Ninguém pode se alegrar com a morte de uma pessoa. Mais ainda, frente à morte, respeitamos a dor dos familiares; trata-se de um gesto humanitário.

Mas a nota publicada pelo presidente nacional do PSOL excede qualquer limite
e tenta aparecer do lado de quem, em vida, esteve na trincheira oposta da
classe trabalhadora e dos socialistas.

A morte do ex-vice-presidente José Alencar não mudou em nada seu caráter de
classe contrário aos interesses da classe trabalhadora. José de Alencar foi
um dos mais poderosos empresários brasileiros. Dono do Grupo Coteminas,
construiu um Império do ramo têxtil com mais de 10 fábricas como Cotenor,
Cotene, Cebratex e Wentex, espalhadas por todo o país além de
empreendimentos rurais, cria de gado e construção de usinas elétricas. Suas
empresas foram parte da delegação de empresários em visita ao Haiti com o
objetivo de instalar uma de suas fábricas e assim aproveitar a mão de obra
quase escrava desse país. Uma imensa fortuna feita graças à super-exploração
de milhares de famílias trabalhadoras brasileiras, do crédito brando da
SUDENE que lhe permitiu fundar a Coteminas e das relações promiscuas com o
poder de turno.

A população pobre e trabalhadora, do lado da qual deve se posicionar nosso
partido, não deve ficar consternada pela morte de um dos principais
dirigentes burgueses de este país. Não somos hipócritas nem cínicos, não
tínhamos nenhuma intimidade nem relação com este poderoso empresário. Nestes
dias, nossa consternação é com as mortes de dezenas de companheiros da
construção civil nas obras do PAC do governo do PT e José Alencar, das quais
os políticos, com a cumplicidade da burocracia sindical, pouco falam e não
se lamentam.

Por outra parte, nunca acreditamos que as críticas de José Alencar aos altos
juros fossem produto de uma luta consequente. Se de verdade queria lutar
contra as altas taxas não teria permanecido por oito anos integrando o
governo que bateu todos os recordes de taxas de juro do mundo. A verdade de
esta historia é a que conta o jornalista Fernando Rodrigues na FSP de hoje:
"... (em) uma das interinidades de José Alencar no Planalto Palocci e Anne
Krueger (poderosa vice-diretora do FMI) foram até ele. Ouviram imprecações
contra as altas taxas de juros. Apesar do espanto de Anne Krueger, a
conversa transcorreu calma. Teve até um desfecho bem-humorado pela presença
de espírito de José Alencar: *"Eu vou dizer uma cois a para a senhora. Aqui,
quem bate nos juros sou eu. Não vou deixar para a oposição bater, não".* Uma
luta de brincadeira.

O presidente do PSOL conclui sua elogiosa nota sobre a figura de José
Alencar afirmando: "O heroísmo de sua luta pela vida entra para a História
do nosso país". Para nós, herói na luta pela vida é o povo trabalhador que
deve enfrentar longas filas para receber um atendimento precário ou morrer
nos corredores dos sucateados hospitais públicos aguardando um atendimento
que muitas vezes nem chega. O próprio ministro do governo Lula/Alencar, José
Gomes Temporão, depois de rasgar elogios sobre o ex-vice escreve: "... Na
luta contra o câncer, nosso Zé foi atendido pelos melhores médicos, operado
nos melhores hospitais, teve acesso a medicamentos de alto custo e até mesmo
experimentais. Tal padrão de qualidade dificilmente está acessível a tempo e
hora ao brasileiro comum..." O que dev e entrar para a historia de nosso
país, é que o governo que Alencar encabeçou junto com Lula aprofundou as
deficiências na área da saúde pública em favor dos planos privados,
transformando milhões de pacientes do serviço público, se não em heróis, em
verdadeiros mártires.

Não nos comove, como expressa o presidente do PSOL, a coragem e a bravura do
bilionário José Alencar. Como ser humano não teve essas qualidades para
reconhecer sua filha Rosemary de Moraes, uma professora aposentada de 55
anos que vive com uma renda mensal de R$ 1200,00. Nada de humano teve seu
comportamento quando negou sistematicamente o reconhecimento de paternidade
e nunca aceitou fazer o exame de DNA. Pressionado, acabou reconhecendo que
Rosemary poderia ser fruto do relacionamento com uma "mulher
reconhecidamente frequentada por vários homens". Uma atitude cobarde,
machista e própria de coronéis que aproveitavam sua ascendência econômica
para servir-se de mulheres às que depois não dariam nenhum atendimento. Essa
foi a historia da falecida enferme ira Francisca Nicolina de Morais que diz
haver tido um romance com o ex-vice-presidente em 1954, do qual nasceu
Rosemary. Casualmente, Dona Nicolina morreu de um câncer de pele que se foi
espalhando por seu corpo por não dispor de um bom atendimento.

José Alencar foi um grande empresário que se dedicou à política para
defender os interesses dos poderosos de nosso país. Não por acaso, outro Zé,
o Dirceu, o procurou para integrar a chapa de Lula, simbolizando a política
de conciliação através da falsa unidade do "capital com o trabalho". Além de
ter apoiado a ditadura, foi contra ocupações do MST, mais um dos motivos pra
que toda a esquerda petista criticasse a coligação com o PL. Junto com a
Carta ao Povo Brasileiro, cumpriu o papel de espantar as desconfianças que
Lula e o PT despertavam nos grandes empresários nacionais e internacionais,
fundamentalmente do sistema financeiro. O já domesticado e conciliador PT,
outrora esperança de emancipação para a classe, com a figura de José Alencar
na vice-presidência, culminou um pro cesso de integração completo à ordem
burguesa, à conciliação de classe e à traição definitiva dos interesses dos
trabalhadores. Por isso, a morte de José Alencar o ex-vice-presidente do
governo Lula não é um motivo de "lamento" para os lutadores de nosso país.

Não era um dos nossos, por isso sua morte não nos consterna. Nem nos alegra
nem nos entristece.

Presidente do PSOL lamenta morte do ex vice presidente José Alencar e destaca: " O heroísmo de sua luta pela vida entra para a História do nosso país"

Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) consternado com o falecimento do ex-vice-presidente da República José Alencar, lamenta o acontecimento e apresenta condolências aos familiares.
Enfrentou com bravura durante mais de 13 anos a luta contra o câncer e serviu de exemplo e conforto para milhares de brasileiros que lutam contra o mesmo mal.
Exemplo de coragem na defesa de suas convicções democráticas, apesar de sua relação pessoal e política ocupando a vice-presidência durante oito anos, nunca deixou de externar a contrariedade diante da alta taxa de juros que atinge o Brasil.
O heroísmo de sua luta pela vida entra para a História do nosso país.
Afrânio Boppré
Presidente Nacional do PSOL
29 de março de 2011

Camaradas do Maranhão decidem sair do PSOL

O PROCESSO DE DEGENERAÇÃO DO PSOL

“É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação com nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias. Sonhos: acredite neles”.

[Vladimir Ilich Ulyanov, Lenin]

Os que subscrevem este documento são os que construíram o PSOL em nosso Estado. Alguns, desde o primeiro instante; outros, engrossando nossas fileiras ao longo da caminhada; alguns, hipotecando vidas familiares, profissionais, carreiras; outros, trocando suas comodidades pessoais pelas agruras das nossas exigências partidárias. Mas todos firmemente decididos a fazer triunfar não um projeto político qualquer, mas o projeto político do socialismo. Por isso, em 2004, quando do seu momento inicial, escolhemos um programa socialista e um estatuto que definiria o perfil de um partido de esquerda, autêntico e revolucionário, para superar a lógica perversa do capital e implantar o socialismo.

Nestes sete anos de trajetória, nos quais inúmeros militantes deram sua contribuição à construção do PSOL em vários municípios maranhenses, buscamos levar o partido à classe trabalhadora no campo e na cidade, cumprindo fielmente nosso papel pedagógico de instrumento de educação das massas, agregando-as conscientemente às lutas pelo socialismo. Não nos esqueçamos que o Maranhão, historicamente, permanece no estado de pobreza extrema e por isso mesmo tem os piores indicadores sociais e econômicos do País.

Aqui, com o patrocínio escancarado do governo do PT, a mais longeva oligarquia regional não somente sobrevive, mas dá sinais de longa sobrevida. Por isso mesmo, é imperioso ser firme no caminho traçado e não se deixar confundir. Persistir no combate à oligarquia sarneísta, mas combater igualmente suas ramificações travestidas de “libertação”.

Infelizmente, o PSOL traiu o seu projeto original. Em menos de uma década, degenerou completamente. Não o dizemos por dizer. Basta olhar o que aconteceu nos congressos nacionais nesse período. Limitaram-se às disputas em torno do poder interno, pelo controle da direção, pelo aparato partidário e pelas definições eleitorais. A discussão que de fato interessava, em torno da intervenção do Partido nas lutas sociais, passou longe e despercebida. De um partido de base, organizado em núcleos, transformou-se em um partido loteado entre chefetes que pensam ser donos das vontades e das inteligências dos seus militantes. Organizado em tendências, é de fato uma federação de “potências soberanas”, na expressão de Lênin, incapaz de superar a eterna luta interna que o paralisa diante das exigências da luta concreta diária. Paralisado, reduziu-se ao papel de mero espectador. Paralisado, assiste impotente ao recebimento de ajuda financeira em campanha eleitoral proveniente dos cofres de grandes empresas capitalistas tais como a Gerdau e a Taurus que financiaram a campanha de Luciana Genro no Rio Grande do Sul. Paralisado, vê estarrecido sua Presidente, à época, Heloisa Helena fazer campanha para candidato de outro partido. Paralisado vê o Senador eleito pelo Amapá Randolfe Rodrigues ter recebido apoio político do grupo do Senador José Sarney. Os escândalos internos sucedem-se sem que nada aconteça.

Nada acontece porque, em primeiro lugar, a base partidária está excluída de toda participação concreta, efetiva, nos rumos do partido; e, depois, porque em razão dos acordos internos, os grupos ou outros nomes que lhes queiramos dar, num eterno traçar de alianças, evitam o necessário enfrentamento dessas questões. O partido anulou-se. Não existe. Existem os grupos, as tendências, as subtendências, os chefes, os parlamentares, mas não o Partido. Existem as preocupações eleitorais, mas não a preocupação com a democracia interna, com a compreensão do País, com a construção da necessária autoridade moral sem a qual jamais será possível aspirar a, um dia, ajudar na revolução brasileira.

Em 7 anos o PSOL transformou-se numa caricatura do PT, uma vez que repete e aprofunda as práticas políticas daquele partido, práticas estas que o transformaram num partido corrupto e agente da ordem capitalista, destruidor dos direitos da classe trabalhadora e favorecedor dos interesses burgueses.
Ao contrário do que a classe trabalhadora esperava, o PSOL rebaixou o seu programa e rapidamente caducou, frustrando as enormes esperanças das massas e tornando-se um partido meramente eleitoral sem um conteúdo de classe ou de ferramenta de superação da ordem burguesa.

No Maranhão, da Direção Nacional jamais recebemos qualquer tipo de ajuda. De nenhuma natureza. Para tornar este ponto claro: do fundo partidário, por exemplo, nunca um único centavo ajudou a luta do PSOL no Estado. Talvez porque sempre nos recusamos a participar da política rasteira, conservadora e autoritária que hoje domina o Partido.

Não bastasse isso, temos sofrido, na prática, intervenções sucessivas, não apenas nas nossas instâncias estaduais, mas, sobretudo, nas decisões democráticas dos nossos filiados, como no caso da escolha dos candidatos ao Senado, agora repetida com filiações decididas sem sequer uma consulta. Querem empurrar-nos goela abaixo figuras como Haroldo Saboia e Franklin Douglas, que, conforme documentos públicos, há menos de 5 meses, defendiam o governo Lula e todas as suas políticas de ataque aos trabalhadores, sucateamento dos serviços e órgãos públicos, privatizações, pagamento exorbitante da dívida pública, reforma da previdência em desfavor dos aposentados e assalariados e aliança com a burguesia (aliás, ao amparo de recente Resolução da própria Executiva Nacional do Partido). Mais ainda: essas pessoas legitimaram e participaram do corrupto governo Jackson Lago que atacou violentamente os trabalhadores e professores com a chamada Lei do Cão, além de inúmeros casos de improbidade e nepotismo amplamente divulgados.

Querem desmoralizar-nos. Não o conseguirão. Ao tomar essa atitude vertical, antidemocrática e desrespeitosa com toda a construção e compromisso que firmamos nesses 7 anos de muito trabalho em todo o Maranhão, a executiva nacional do PSOL mostra a cara de um partido que já pode ser chamado de “novo PT” pelas práticas e conteúdo que passa a tomar na cena política do Brasil e do Maranhão.
Por tudo isso e coerentes com a nossa posição política, decidimos, coletivamente, sair do PSOL. Esta última intervenção foi a gota que fez transbordar o copo. Sair representa manter a nossa coerência e não nos tornar cúmplices dessa virada ideológica, como faz a CST que, entre nós, omitindo-se sempre, apóia, na prática, a política intervencionista e antidemocrática da Direção Nacional; ou como a APS que, desde sua entrada no Partido, jamais moveu uma palha na luta cotidiana dos trabalhadores maranhenses, limitando-se à já conhecida política cupulista em que busca substituir sua absoluta falta de identidade com um projeto revolucionário-socialista por tentativas de alianças eleitorais à margem do projeto partidário; ou ainda como o MES e ENLACE , eternos ausentes da vida partidária do Estado. O PSOL, já a partir de algum tempo, desprezando a luta social e política, privilegia o mero pragmatismo eleitoreiro. O nosso combate é outro: ele está nas trincheiras e nos embates, o verdadeiro ambiente de constructo de um projeto revolucionário.

Não deixaremos de fazer a luta social e política permanentemente em defesa da classe trabalhadora, através das entidades sindicais e organizações sociais em que cada um de nós atua. No momento certo debateremos e decidiremos qual rumo partidário será tomado por nós. Aproveitamos para convidar todos aqueles que, ainda no PSOL, possam erguer suas vozes e dizer não a esse processo acelerado de degeneração para que nos juntemos para continuar sonhando com um futuro socialista e libertário.
VIVA O SOCIALISMO!
São Luís, 31 de março de 2011


01)Aldecy Moraes Ribeiro - Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
02) Antônia de Jesus Santos Soares - Professora e Municipal de Caxias
03) Antônia Raimunda Alves dos Santos-Professora e Municipal de Caxias
04)Antonísio Furtado – Diretório municipal de São Luís e oposição de professores
05)Carlos Lopes- Profissional liberal e do Diretório Municipal de Imperatriz
06)Claudio Lopes- Marceneiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo
07) Cordeiro Marques- Diretório Municipal de São Luís e do Sintes/MA
08)David Sá Barros – Bancário e Presidente do Sindicato dos Bancários
09)Diogo Cabral – Advogado popular e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA
10)Emanoel Chaves – Comerciante e do Municipal de Imperatriz
11)Felix Lima e Silva - Pedreiro
12) Francinete Soares da Silva-Professor e Municipal de Caxias
13)Heliomar Barreto- Estudante e do Diretório Estadual do PSOL
14)Irmão Walter – marceneiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo
15) Irisnete Galeno da Silva – dona de casa
16)Joel Silva Costa - Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
17)Jorge Luis Pinheiro Ferreira – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
18)José Cláudio Siqueira Mendes – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
19)José de Ribamar Novaes – Médico, previdenciário e do Núcleo Mário Alves
20)Kátia Ribeiro- Oposição dos professores e advogada
21)Lailton Nunes – autônomo e do Núcleo Tecendo o Socialismo
22)Lenilson filho – estudante e do Núcleo Tecendo o Socialismo
23)Luis Carlos- Diretor do Sindicato dos Bancários
24)Luis Fernando Teixeira Coqueiro – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
25)Márcio André – Advogado e militante dos movimentos de pessoas com deficiência
26)Marco Aurélio- Urbanitário e oposição Urbanitária
27)Marcos(cabelo fino) – marceneiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo
28) Maria da Conceição Dias Carneiro – Professora e Municipal de Caxias
29) Maria de Nazaré Almeida Lima – Professora, Diretora do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Caxias Professora e Municipal de Caxias
30) Maria do Carmo Alves Avelino – Professora e Municipal de Caxias
31) Maria dos Santos Gomes de Freitas – Professora e Municipal de Caxias
32) Maria Honorina – Dona de casa e do Núcleo Tecendo o Socialismo
33)Marlon Câmara Freire – Diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal-Sintrajufe/MA
34)Maria Dolores da Silva – Diretório Estadual do PSOL e oposição dos professores
35) Naziel silva – Autonomo e do Núcleo Tecendo o Socialismo
36)Nemeziano Carvalho Loura – Servidor Federal e oposição dos federais
37)Paulo Rios- Ex-candidato a Prefeito de São Luís em 2008, Diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal/MA, Membro suplente do Diretório Nacional do PSOL e Professor Universitário
38)Rezzo Júnior- Diretório Estadual do PSOL e oposição de professores
39)Ribamar Arouche – Vigilante e do Núcleo Tecendo o Socialismo
40)Ricardo de Aguiar – Pedreiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo
41)Rogério Costa- Presidente do Diretório Estadual do PSOL, Professor Universitário e do Núcleo Tecendo o Socialismo
42)Saturnino Moreira- Ex-candidato a Governador pelo PSOL em 2006, Diretório Estadual do PSOL, Professor Universitário e do Núcleo Tecendo o Socialismo
43)Saulo Arcangeli- Ex-candidato a Governador pelo PSOL em 2010, Presidente do Diretório Municipal de São Luís, Coordenador Geral do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e MPU-Sintrajufe/MA e da Fenajufe, Membro da Executiva Nacional da CSP CONLUTAS- Central Sindical e Popular
44) Silvana Maria de Oliveira Moura – Professora, Dirigente Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Caxias e Diretório Municipal de Caxias
45)Sonia Maria Silva Santos – Previdenciária e do Núcleo Mário Alves
46) Wagner Sabóia – autônomo e do Núcleo Tecendo o Socialismo
47) Zé pombo – Funcionário publico municipal de São Luís
48)Wellyngton Chaves – Office-Boy e Diretório Municipal de Imperatriz
49)Wilson Leite- Trabalhador assalariado e Presidente do Diretório Municipal de Imperatriz

Camaradas do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro decidem sair do PSOL

COMUNICADO AOS MILITANTES DA ESQUERDA SOCIALISTA



Somos um grupo de ativistas que militávamos na Alternativa Socialista (RS) e no Coletivo Marxista Revolucionário Paulo Romão (RJ). No último final de semana, reunidos em conferência, decidimos por unificar nossas correntes e estaremos, através de um novo agrupamento político, denominado “Construção Socialista – CS”, nos colocando a serviço da reorganização da Esquerda Socialista Brasileira.


A conferência da CS definiu também pela nossa saída do PSOL, partido que ajudamos a construir, mas que avaliamos não ser mais o espaço para disputarmos o programa e a concepção de partido que defendemos. Neste sentido, queremos fazer algumas considerações:


O PSOL surgiu como resultado da total falência do PT e do enfrentamento de um amplo setor do movimento com as políticas neoliberais impostas por Lula. Com a degeneração completa do PT, muitos que não tinham abandonado a estratégia do socialismo, mas que permaneciam filiados a este partido, se jogaram na tarefa de construir uma nova ferramenta política para defender a classe trabalhadora.


Já no início desta construção, os problemas começaram a surgir. A prática conspirativa da direção – baseada nas grandes correntes e seus parlamentares – onde os acordos se sobrepunham ao trabalho de base foi afastando o PSOL dos movimentos sociais, tornando este jovem partido simplesmente em uma sigla eleitoral.


Vários episódios conflitantes com a estratégia socialista marcaram negativamente a trajetória do PSOL. Nestes seis anos de vida, a pressão eleitoral e a luta pela sobrevivência política das principais figuras foram as principais bandeiras do partido.


A cada eleição, o partido mostra táticas desastrosas: aliança com PV, dinheiro de empresas para campanhas eleitorais, apoio à Marina, voto em Paim e tantos outros exemplos. Tudo isso comprova que o PSOL está longe de defender um programa de ruptura com o capitalismo, ao contrário, demonstra cada vez mais a sua perda de independência.


Sabíamos, desde a fundação, que não seria este o partido estratégico, mas que deveria cumprir o papel de agregar os lutadores de esquerda e servir de “abrigo” aos militantes revolucionários. Isto não aconteceu.


Por isso não podemos aceitar que os militantes da nossa corrente se eduquem num partido que se diz socialista, mas que se contenta em levantar consignas radicais mínimas e democráticas, que não se enfrenta com a propriedade e a dominação capitalista e resume a questão do poder a eleger parlamentares e disputar por dentro da democracia burguesa.


Também para ativistas sindicais e do movimento popular como nós, não é possível admitir estar num partido que nunca teve uma política de orientar os seus militantes para a construção de uma organização sindical – ferramenta imprescindível para reorganizar a classe trabalhadora diante da degeneração da CUT. Pelo contrário, as grandes correntes do PSOL, ou se omitiram, ou tentaram criar mecanismos para enfraquecer a CONLUTAS.


Estamos saindo do PSOL com a tranqüilidade de quem, durante seis anos, não mediu esforços para construir o partido. Disputamos todos os espaços, elegemos delegados para os congressos, ocupamos postos na direção e nunca tivemos política de desgastar os dirigentes e, muito menos, as figuras públicas.


Estamos rompendo porque não abrimos mão de preparar a CS – organização política que ora estamos construindo – para ser parte de um partido que tenha como objetivo estratégico dirigir a luta dos trabalhadores e dos setores explorados para realizar a revolução socialista.


Por fim, afirmamos que não nos renderemos ao discurso das dificuldades da conjuntura e a falta de ascenso do movimento, para nos acomodarmos nas saídas vistas como mais fáceis na construção das ferramentas da classe trabalhadora. Pelo contrário, a CS continuará totalmente a serviço do fortalecimento da CSP-CONLUTAS e da ANEL.



Neida Porfírio de Oliveira – Dirigente do CPERS/Sindicato – Porto Alegre/RS

Érico Corrêa – Dirigente do Sindicaixa – Porto Alegre/RS

Danilo Garcia Serafim – Dirigente do SEPE – Valença/RJ

Ludimilla Fagundes – Dirigente do CABAM/DCE-UFRGS – Porto Alegre/RS

Marivete M. de Melo – Militante do CPERS/Sindicato – São Luiz Gonzaga/RS

Laura Marques da Silveira – Militante do CPERS/Sindicato – Santa Maria/RS

Maria da Glória Sampaio – Dirigente do Sindicaixa – Santa Maria/RS

Maria de Fátima Vieira Contreira – Dirigente do CPERS/Sindicato – São Borja/RS

Paulo Sérgio Rolim – Militante do Movimento Popular – Caxias do Sul/RS

Joaquina Gladis R. Freitas – Dirigente do CPERS/Sindicato – São Gabriel/RS

Maria Aparecida Portela Prado – Representante de base na CNTE – Palmeira das Missões/RS

Miguel Chagas – Dirigente do Sindicaixa – Porto Alegre/RS

Mari Andréa Andrade – Militante do CPERS/Sindicato – Cruz Alta/RS

Maria Norma Dumer – Dirigente do CPERS/Sindicato – Camaquã/RS

Izaura Osório Sales – Dirigente do CPERS/Sindicato – Carazinho/RS

Carlos Alberto da Silva – Militante do Movimento Popular – São Leopoldo/RS

Astor Henrique Nagel – Representante de base do CPERS/Sindicato – Crissiumal/RS

Luzia R. P. Herrmann – Dirigente do CPERS/Sindicato – Taquari/RS

Delci Quevedo – Dirigente do Sindicaixa – Alegrete/RS

Ana Lúcia Xavier Cabral – Dirigente do CPERS/Sindicato – Bagé/RS

Michela Scherer Vieira – Dirigente do CPERS/Sindicato – Tapera /RS

Marli Aparecida de Souza – Dirigente do CPERS/Sindicato – Torres/RS

Salete Possan Nunes – Dirigente do CPERS/Sindicato – Passo Fundo/RS

Maira Iara de Farias Ávila – Dirigente do CPERS/Sindicato – Guaíba/RS

Albina Trindade – Dirigente do CPERS/Sindicato – Porto Alegre/RS

Terezinha Bullé da Silva – Dirigente do CPERS/Sindicato – Passo Fundo/RS

Neiva Moreno – Dirigente do CPERS/Sindicato – Porto Alegre/RS

Armindo Lajas dos Santos – Dirigente do SEPE – Rio de Janeiro/RJ

Telma Luzemi de Paula Souza – Dirigente do SEPE – Rio de Janeiro/RJ

Valdir Vicente de Oliveira – Dirigente do SEPE – Nova Iguaçu/RJ

Maria Oliveira da Penha – Dirigente do SEPE – Seropédica/RJ

Mario Sérgio Martins – Dirigente do SEPE – Cachoeira de Macatu/RJ

João Batista da Silva – Dirigente do SEPE – São Pedro da Aldeia/RJ

Marcelo Ferreira de Sant’Anna – Dirigente do SEPE – Rio de Janeiro/RJ

Vivianne Santos – Dirigente do SEPE – Mesquita/RJ

Mônica Valéria Affonso Sampaio – Dirigente do SEPE – Mesquita/RJ

Dulcinéa de Lima Pereira – Dirigente do SEPE – Rio de Janeiro/RJ






351 Mensagens na pasta

domingo, 20 de março de 2011

A nova oligarquia

Percebemos que a direção nacional do PSOL mostra suas verdadeiras garras. Primeiro não respeitam o estatuto do partido que eles mesmos aprovaram. Também mostram não serem adeptos da verdadeira democracia.

No estatuto está definido que ao entregar a ficha de filiação assinada e abonada por um filiado, o novo pretendente poderá ser contestado por qualquer filiado em um prazo de até 30 dias. Havendo contestação do novo filiado, as instâncias de deliberação do partido ouvirão as razões da contestação e a defesa dos que pretendem manter a filiação.

Após a exposição de todos os fundamentos das partes, a instância decide a manutenção ou não da filiação.

Sem entrar no mérito da contestação, em 18 de março de 2011 a Executiva Nacional já tomou a decisão de forma unilateral e sem respeitar a democracia interna assegurada pelo estatuto.

Os pedidos de filiação de Haroldo Sabóia e Franklin Douglas estão sendo contestados por muitos militantes do PSOL no Maranhão. Em 19 de março de 2011 a maioria da Executiva Estadual do PSOL do Maranhão aprovou a contestação destas filiações.

Mas a Executiva Nacional nem procurou ouvir a direção municipal de São Luís ou estadual do PSOL no Maranhão.

Ao mesmo tempo pisoteou a verdadeira democracia e jogou o estatuto do PSOL no lixo.

Agindo assim, temos mais uma oligarquia que decide tudo no PSOL a revelia de seu estatuto.

Entendemos oligarquia como sendo o poder concentrado nas mãos de poucos. (Oligarquia... regime político em que o poder é exercido por um pequeno grupo de pessoas, pertencentes ao mesmo partido, classe ou família - Dicionário Houaiss).

A Executiva Nacional do PSOL bloqueou qualquer discussão sobre o assunto. Pode amanhã meter guela abaixo dos militantes do PSOL a filiação de lideranças questionáveis. Esta prática já é comum em muitos partidos. A última novidade foi a direção nacional do PT impor a aliança com Roseana Sarney.

Carlos Lopes
Membro do Diretório Estadual do PSOL - Maranhão.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Revolta dos operários da Usina Jirau



A Liga Operária e o Sindicato dos Trabalhadores da Construção de Belo Horizonte manifestam apoio à revolta dos operários da Usina Jirau.
Clique aqui para ler manifesto.

Na edição de 17 de fevereiro de 2011, o informativo "Marreta" do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de BH e região denunciava o regime de escravidão a que são submetidos os operários das propaladas grandes e modernas Construtoras do Brasil e manifestava o espírito de luta:

"Chega de escravidão nas
obras! Revoltem-se! "

Clique aqui e leia o Informativo "Marreta".

A mídia sob total controle da burguesia, trata de chamar a manifestação dos operários de "baderna" e não informa só uma linha sobre as condições de vida a que os operários são submetidos.

Sem instrumentos mais organizados de luta, são com estas rebeldias que os operários começam a repulsa ao regime de opressão e exploração a que são submetidos no seu dia-a-dia.

domingo, 30 de janeiro de 2011

“Não tem o que fazer, a não ser fazer a revolução” *

Em curso organizado pelo Departamento de Jornalismo da PUC-SP, a Escola Nacional Florestan Fernandes e o Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae (Cepis) sobre a Crise do capitalismo, realizado entre os meses de abril e maio 2009, o professor Sergio Lessa expõe seus fundamentos sobre as crises no capitalismo e a necessidade do resgate das idéias de Marx para retomada da ideologia e prática revolucionária.

É em nossa opinião a linha que deve seguir os que militam nos movimentos sociais e os que desejam contribuir no processo revolucionário.

Tendo como princípio a propriedade privada e como instrumento “regulador” o mercado, o capitalismo é fonte permanente de concentração da riqueza e fábrica geradora de desigualdade social. Tem como mecanismo de reciclagem as frequentes crises que lança de tempos em tempos milhões de trabalhadores no mundo do desemprego e não tem alternativa para os milhões que vivem em situação de miséria.

A política de dominação imperialista e busca por novos mercados, são fontes de frenquentes guerras geradores de carnificinas que sacrifica a maioria explorada e oprimida em todos os recantos do mundo.

Segue o último vídeo da palestra do professor Sergio Lessa dos sete vídeos que foram postados no youtube.




Demais vídeos da palestra:

Crises no Capitalismo - Sérgio Lessa 1/7

Crises no Capitalismo - Sérgio Lessa 2/7

Crises no Capitalismo - Sérgio Lessa 3/7

Crises no Capitalismo - Sérgio Lessa 4/7

Crises no Capitalismo - Sérgio Lessa 5/7

Crises no Capitalismo - Sérgio Lessa 6/7

Crises no Capitalismo - Sérgio Lessa 7/7

A seguir, transcrição de parte deste último vídeo**.

“As contradições são de tal ordem que não tem mais nenhum problema decisivo de nenhum país que possa ser solucionado no interior de nenhum país.

Não tem política nacional que dê conta do desemprego.

Não tem política nacional que supere o desequilíbrio ecológico.

Não tem política nacional que supere o problema da desigualdade histórica entre homens e mulheres.

Não tem política nacional que seja capaz de fazer qualquer distribuição de renda, seja ele qual for. Aí, claro que estou dizendo para vocês com todas as letras: o Bolsa Família é um programa federal de esmola que não está distribuindo renda coisa nenhuma.

Não tem o que fazer, a não ser fazer a revolução.

Então, pode ser que a revolução não venha e a humanidade se destrua. Mas o que esta crise está colocando em cima da mesa com todas as letras é que os revolucionários estavam certos.

O capitalismo está levando agente para o buraco e a única saída é a revolução proletária, cujo programa vocês não sabem e não vou dizer para vocês não.

Então veja, é disto que se trata agente vive um momento histórico que aparentemente é um momento muito fechado é um momento que agente não tem perspectiva, que as possibilidades são poucas.

É o contrário, as possibilidades são infinitas, o horizonte é muito amplo, mas tem um preço a pagar tem que assumir a luta aberta e direta contra o capital e portanto pelo comunismo, não dá mais para agente enfrentar este momento histórico com o que agente fazia 10, 15, 20, 30 anos atrás, ampliar direitos, democratizar estado, democratizar a sociedade, isto não funciona a experiência histórica demonstrou isto, então esta histórica coloca agente frente a enormes possibilidades mas gigantescas necessidades, porque os revolucionários tem que se reciclar inteiramente, tem que voltar pro Marx, tem que voltar para uma política radical naquele sentido do Marx, tem que voltar pras raízes ir atrás das coisas, não ficar nesta política de reticência de médio prazo, de curto prazo, nós temos que pensar grande, porque se os revolucionários não pensarem grande, quem é que vai pensar? a humanidade vai para o buraco.....

Agente tem grandes possibilidades de se autodestruir ou de ir para a revolução proletária.

Digo mais, estamos entre o fogo e a frigideira, se não vier a revolução, eu tou convencido que agente não tem alternativa e se não for revolução proletária, não será outra porque do modo de produção contemporâneo todas as outras classes sociais vivem da riqueza produzida pelo proletariado e é assim mesmo, no escravismo eram os escravos que produzia todas as riquezas, no feudalismo era o servo, no capitalismo é o proletariado. Eu escrevi um livro mais longo que chama trabalho e proletariado no capitalismo contemporâneo, saiu pela Cortez do ano passado para tentar discutir isto. Porque que na esquerda desde os anos 60 pra cá agende vai dando adeus ao proletariado. Um atrás do outro. Do ponto de vista das relações de produção no interior da fábrica, o proletariado está lá, o trabalho manual, não tem nenhum exemplo empírico que o trabalho manual do proletariado tenha sido extinto na fábrica ou no campo, não é assim, a coisa é muito mais complexa, ai faço estudo assim, médio, Petroquímica, tecido química etc. são doze ou treze ramos industriais importantes para mostrar que não existe um exemplo.

De fato o proletariado está aí, existe. Agora, se o proletariado vai cumprir sua missão histórica ou não é outro problema, tem que haver com a luta ideológica etc. É este o horizonte que agente tem.......”

*Professor Sérgio Lessa – Universidade Federal de Alagoas.

** Qualquer falha nesta transcrição é de minha inteira responsabilidade – Carlos Lopes
Revolta no Egito: noticiário pela TV Aljazeera
O movimento de protesto no Egipto: "Ditadores" não ditam, obedecem ordens

Revolução Egípcia-25 de janeiro de 2011



http://www.youtube.com/watch?v=ZTHyHpURRiQ