Trabalhador assalariado e operário: a fonte do lucro dos capitalistas.
Postamos comentário sobre a diferença entre dinheiro e capital e em seguida sobre mais-valia. Entre outros, são conceitos básicos para entendermos o que é capitalismo.
Ficou claro que sem mais-valia não existe capital.
Vamos agora comentar sobre quem de fato gera riqueza no modo de produção capitalista.
CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
Para que o dinheiro se transforme em capital é necessário que o capitalista invista com o objetivo de conseguir mais valor, ou seja, obter lucro. O capital é dividido em duas partes: capital constante e capital variável. Capital constante é o maquinário, matérias-prima, prédios etc., e o capital variável são os salários pagos aos trabalhadores.
Quando comentamos sobre mais-valia ficou explícito que o capital constante não acrescenta, apenas transfere valor ao produto final. No processo de produção as matérias primas são transformadas em produto final, não criando nenhum grão de valor a mais.
QUEM DE FATO GERA MAIS VALOR É O TRABALHO
Quem de fato gera mais valor é o trabalho. O salário do trabalhador é apenas o necessário para sua sobrevivência de acordo com o ambiente social onde vive. O valor que seu trabalho gera a mais (mais-valia), no processo de produção, é apropriado pelo capitalista. O único interesse de o capitalista investir na produção de mercadorias é justamente se apropriar desta mais-valia, fonte real do lucro.
TRABALHO COLETIVO
O grande salto para o capitalismo foi o surgimento de unidades produtivas reunindo muitos trabalhadores assalariados para produzir mercadorias sob o comando do capitalista. Antes o artesão era senhor de todo o processo de produção. Agora para sair um produto depende do trabalho associado de vários trabalhadores. É a completa alienação do trabalhador com a venda de sua força de trabalho. Já não mais produz para si, não é mais senhor do processo de produção, pois precisa de um coletivo para concluir o produto final e o comando de tudo é do capitalista. O trabalho é coletivo, mas o que excede o valor dos salários e do capital constante utilizado no processo é apropriado pelo capitalista, transforma-se em propriedade privada. O trabalho é coletivo mas o resultado , o excedente é apropriado pelo capitalista, é transformado em propriedade privada.
FIM DA HISTÓRIA?
FIM DA CLASSE OPERÁRIA?
Com o avanço e a era de ouro do capitalismo no pós-guerra (segunda guerra mundial), surgiram emaranhados de teorias que fortaleceram a hegemonia ideológica da burguesia. “Fim da história”, “fim da classe operária" etc., são exemplos de algumas ideias com o único propósito de negar a necessidade da luta pelo comunismo.
O pior de tudo é que intelectuais e correntes políticas que se autodenominam de esquerda também criaram suas vertentes e anunciavam a reinvenção da roda. Só aumentaram o caldo da confusão ideológica e política no seio dos que lutam pela transformação social.
Uma delas é achar que trabalhador assalariado e operários são sinônimos. Todo operário, o trabalhador que está vinculado diretamente à produção, é trabalhador assalariado, mas nem todo trabalhador assalariado é operário. Para muitos, todos os trabalhadores que vivem do salário têm os mesmos interesses e devem se unir para transformar a sociedade. Com este tipo de conceito, formulam propostas “cabeludas”. No máximo criticam os excessos da exploração capitalista. Em vez da superação do capital, propõem distribuição de renda como se fosse possível convencer “jacaré ser vegetariano”. Não questionam o cerne da questão que é a relação de total dominação do capital sobre o trabalho. Sugerem que com algumas reformas é possível “humanizar o capitalismo” e santificam os “bons” burgueses.
CONTROLAR OS OPERÁRIOS NA ROTINA DIÁRIA DE PRODUÇÃO
Vamos então à questão da diferença entre o trabalhador assalariado e o trabalhador operário.
O presidente da Volkswagen do Brasil é um trabalhador assalariado. É com certeza um dos maiores salários do país. Não é necessário escrever só uma linha para demonstrar que os interesses deste executivo nada tem a ver com os interesses do trabalhador da linha de produção. Em parte, isto se estende ao gerente da média ou pequena fábrica. O capitalista lhes confia a função de controlar o processo de geração de mais valor, ou seja, controlar os operários na rotina diária de produção.
Apesar de assalariados, os diretores, gerentes e supervisores têm uma série de regalias em comparação aos operários da linha de produção e em relação aos trabalhadores que executam a distribuição e controle para que a produção seja viabilizada. Dos operários o capitalista quer produção. Dos diretores, gerentes e supervisores quer fidelidade para impor disciplina rigorosa aos operários, impor controle para extração de mais valor. Dos demais trabalhadores assalariados que não são operários e não exercem cargo de confiança do capitalista, devem atuar na distribuição e controle da riqueza com a mesma disciplina que é imposta aos operários, para garantir a realização do lucro. O operário é um trabalhador assalariado, mas a maioria dos trabalhadores assalariados na atualidade, não são operários. O operário, que também é assalariado é o agente direto gerador da riqueza e fonte objetiva do mais valor para o capital. O trabalhador assalariado que não é operário e que trabalha para viabilizar a distribuição sem exercer função de gerência ou supervisão está submetido à exploração do capital ao mesmo nível dos operários.
. Não
produzem riqueza, mas seu trabalho é fundamental para que o capitalista se
aproprie da maior parte do mais valor gerado pelos operários.
UMA SOCIEDADE SÓ SOBREVIVE SE HÁ TRABALHO QUE TRANSFORME A NATUREZA
Uma sociedade só sobrevive se há trabalho que transforme a natureza. Esta necessidade independe do modo de produção, seja primitivo, asiático, escravista, feudal, capitalista ou comunista. São os trabalhadores que interagem com a natureza direta ou indiretamente (no caso de já atuarem sobre a matéria-prima) que produzem toda riqueza material que a sociedade necessita. Sem o trabalho destes não tem como existir sociedade.
"O trabalho, como criador de valores-de-uso, como trabalho útil, é indispensável à existência do homem – quaisquer que sejam as formas de sociedade -, é necessidade natural e eterna de efetivar o intercâmbio material entre o homem e a natureza e, portanto, de manter a vida humana.” Karl Marx - O Capital- Livro I Volume 1 - pag. 64/65 - Ed. Civilização Brasileira 20ª Edição
PARA EXISTIR CAPITALISMO É NECESSÁRIA A PRODUÇÃO DE MERCADORIAS
Para existir capitalismo é necessária a produção de mercadorias. A divisão social do trabalho é condição para que exista produção de mercadorias. O produto final é resultado do trabalho coletivo. Esta condição repercute diretamente sobre o trabalhador.
TRABALHO CONCRETO
Definimos trabalho como criador de varlor-de-uso, trabalho útil, concreto, “eterna necessidade da vida social” sem o qual não existe homem na face da terra.
Trabalho concreto, útil, é a produção de valores-de-uso e nesta condição interessa sua qualidade: mesa, cadeira, casaco, prédio etc.
TRABALHO ABSTRATO
No processo de produção de mercadorias surge uma nova categoria. É o trabalho abstrato. “O trabalho abstrato se refere à produção de mais-valia. Tudo que produz mais-valia é trabalho abstrato.” Sérgio Lessa - Trabalho, trabalho abstrato, trabalhadores e operários.
Trabalho abstrato é “dispêndio de força humana de trabalho”(Karl Marx), substância que iguala o trabalho social pela média, independente do produto final. É a substância que permite definir o valor contido nas mercadorias. Aqui só interessa a quantidade e a duração de seu tempo de trabalho humano do que seja produzido. É a substância que na relação entre as mercadorias, define o valor-de-troca.
“Se o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho gasta durante sua produção, poderia parecer que, quanto mais preguiçoso ou inábil um ser humano, tanto maior o valor de sua mercadoria, pois ele precisa de mais tempo para acabá-la. Todavia, o trabalho que constitui a substância dos valores é o trabalho humano homogênio, dispêndio de idêntica força de trabalho. Toda força de trabalho da sociedade – que se revela nos valores do mundo das mercadorias – vale, aqui, por força de trabalho única, embora se constitua de inúmeras forças de trabalho individuais. Cada uma dessas forças individuais de trabalhos se equipara às demais, na medida em que possua caráter de uma força média e trabalho social e atue como esta força média, precisando, portanto, apenas do tempo de trabalho em média necessário ou socialmente necessário para a produção de uma mercadoria.” Karl Marx - O Capital – Livro I volume 1 – Pagina 60-61- Ed. Civilização Brasileira 20ª Edição.
Temos então duas categorias. A primeira chamamos de trabalho concreto ou simplesmente trabalho, “eterna necessidade da vida social”, que de fato produz valores-de-uso, independente destes valores-de-uso se transmutarem ou não em mercadoria. É o trabalho concreto, útil. A segunda, trabalho abstrato, uma categoria específica da sociedade capitalista, uma sociedade voltada a produzir mercadorias cujo objetivo é extrair mais-valia. É a substância que fornece unidade e referência de valor na relação de troca.
Temos a transmutação do trabalho em trabalho abstrato; de valor-de-uso em mercadoria. Os produtos vão ao mercado para que o capitalista possa realizar o mais-valor.
“Em todos os estágios sociais, o produto do trabalho é valor-de-uso; mas só um período determinado do desenvolvimento histórico, em que se representa o trabalho despendido na produção de uma coisa útil como propriedade “objetiva”, inerente a essa coisa, isto é, como seu valor, é que transforma o produto do trabalho em mercadoria.” Karl Marx – O Capital –Livro I volume 1 – Página 83 - Ed. Civilização Brasileira 20ª Edição
MESMO NO CAPITALISMO AVANÇADO QUEM DE FATO GERA RIQUEZA É O TRABALHO OPERÁRIO.
Agora ficou fácil entender quem de fato produz riqueza no capitalismo. É o “ trabalho operário, aquele que, nas sociedades capitalistas é, por essência, o típico intercâmbio orgânico com a natureza. Ao transformar a natureza o trabalho operário produz uma riqueza antes inexistente. A quantia total da riqueza social se acresce com cada minuto de trabalho operário, pois ele, ao converter natureza em bens sociais, produz o “conteúdo material da riqueza””. Sérgio Lessa -Trabalho, trabalho abstrato, trabalhadores e operários.
Mesmo no capitalismo avançado quem de fato gera a riqueza é o trabalho operário. Com a dinâmica complexa imposta pelo capitalismo, surgem novas práxis sociais que apesar das aparências, quem lhes dá sustentação é a riqueza produzida pelo trabalho operário.
Temos então que uma parte do trabalho abstrato que produz mais-valia tem origem no trabalho operário, e “outra parte, realiza a transformação desta mais-valia em dinheiro”(Sergio Lessa).
Temos uma riqueza gerada pelo trabalho do operário. Para esta riqueza se transformar em dinheiro é necessário toda uma mobilização na área da distribuição, na comercialização, etc. Sem isto, o capitalista que investe na produção não se apropria da mais-valia gerada pelo trabalho dos operários nem tem de volta o valor que investiu em matéria-prima, maquinário etc. e em salários.
O ASSALARIADO OPERÁRIO GERA RIQUEZA E VALORIZA O CAPÍTAL, O ASSALARIADO NÃO OPERÁRIO APENAS VALORIZA O CAPITAL
O capital industrial se apropria de parte da mais-valia gerada no processo de produção e “libera” outra parte para o capital que atua na distribuição, finanças ou em outros setores da sociedade. Esta divisão é necessária para transformar todo o investimento e a mais-valia em dinheiro. Para comercializar as mercadorias ou viabilizar outras atividades não ligadas ao ato de produzir é contratado trabalho assalariado. Este trabalho assalariado que não atua diretamente na produção, não gera mais riqueza, mas gera mais-valia ao capitalista do ramo comercial, financeiro, etc. Para o capitalista tanto faz se apropriar da mais-valia do assalariado que atua diretamente na produção ou em outra atividade. O assalariado operário gera riqueza e valoriza o capital. O assalariado em outras atividades não gera riqueza, apenas valoriza o capital.
“Para ficarmos com Marx, peguemos os dois exemplos que o debate tornou clássico: o da cantora de ópera e do mestre escola. Ambos podem produzir mais-valia na condição de ter sua força-de-trabalho comprada por um capitalista. O burguês sai do negócio com seu capital ampliado: o arrecadado com os bilhetes ou com as mensalidades escolares é um montante maior do que ele pagou pelo trabalho do professos, ou da cantora, somado aos “custos” do negócio. A geração desta mais-valia se deu sem a transformação da natureza: o dinheiro que as pessoas tinham no bolso e que repassaram ao capitalista como pagamento dos bilhetes da ópera, ou das mensalidades escolares, se transformou em capital nas mãos do burguês. Se os consumidores tiraram de seus bolsos 20 reais, estes mesmos 20 reais entraram no bolso do capitalista. É, portanto, uma mera troca de notas de um bolso no qual as notas servem para consumo, para outro bolso, no qual cumprem a função de capital. A riqueza total da sociedade permaneceu precisamente a mesma, nem um grão foi acrescida por esta troca de notas entre o bolso do consumidor e o bolso do capitalista. Esta é a acumulação de mais-valia pela transformação de dinheiro em capital.” Sérgio Lessa - Trabalho, trabalho abstrato, trabalhadores e operários.
O resultado desta equação, é que quase toda riqueza existente na sociedade capitalista é gerada pelo trabalho do operariado. “Sendo o trabalho operário a origem de toda a riqueza social ( o que não quer dizer, atenção, a única fonte de mais-valia, como vimos), isto significa que todo o restante da sociedade vive da sua exploração. Ou seja, a única classe que vive do seu próprio trabalho é a classe operária. Por esta razão é esta a única classe social para a qual a extinção da propriedade privada é condição primeira para sua emancipação. Todas as outras classes vivem, direta ou indiretamente, da exploração do trabalho operário e têm, por isso, na propriedade privada os meios de produção condição de sua existência.” Sérgio Lessa - Trabalho, trabalho abstrato, trabalhadores e operários.
Esta é a forma dominante, por isto é capitalismo. Convive com outras formas.
O CAMPONÊS NÃO FAZ PARTE DO TRABALHADOR COLETIVO MAS TAMBÉM PRODUZ RIQUEZA
O camponês não faz parte do trabalhador coletivo mas também produz riqueza. Em seu trabalho autônomo e familiar, produz para sua subsistência. Não produz mais-valia, não há aqui uma relação capitalista de produção, pois é dono do fruto de seu próprio trabalho. Mas quando o camponês leva o resultado de seu trabalho ao mercado não tem poder de competir com os preços de produto similar, fruto da produção de unidades capitalista agrícola, onde o trabalho é assalariado e coletivo.
CONTRADIÇÃO INSOLÚVEL NOS LIMITES DO CAPITALISMO
Como o trabalho operário é a força que de fato gera riqueza é a classe social mais sujeita à exploração e ao domínio do capitalista. Esta é contradição insolúvel nos limites do capitalismo.
O assalariado operário e o assalariado não operário mantêm relação diferente com a produção. O assalariado operário “mete a mão na massa” e de fato gera riqueza. O assalariado não operário tem a função de controle, distribuição, vendas etc., e não gera nenhuma riqueza. Todos estão sob controle do capitalista mas o rigor é total quando se trata do assalariado operário.
PROLETARIADO É O ASSALARIADO OPERÁRIO
Para nós, proletariado é o assalariado operário. É quem verdadeiramente só tem a ganhar com a revolução comunista. Como é quem produz riqueza de forma abundante, tem potencial para romper com a exploração capitalista, aglutinar em torno de seu projeto as demais classes sociais exploradas (assalariados não operários, camponeses, etc.)
CLASSE SOCIAL COM POTENCIAL PARA TRANSFORMAR A SOCIEDADE
É a classe social que tem em potencial condição e poder para construir uma sociedade sem classes sociais, onde os produtores livremente associados possam construir um mundo liberto das carências materiais, uma sociedade livre de qualquer tipo de opressão. É a única classe social que em potencial tem condição e poder de libertar a humanidade da barbárie. “É esta a única classe social para a qual a extinção da propriedade privada é condição primeira para sua emancipação.” Lessa
Esta concepção formulada por Marx se mantém atual. Outros caminhos formulados por diversas vertentes teóricas não passam de ilusões reformistas nos limites da exploração capitalismo. Não por acaso a humanidade vive hoje um dos maiores dramas de sua história: aprofundamento em massa da exploração, violência e barbárie.
Aos militantes que acreditam na possibilidade da construção de uma nova sociedade, cabe a tarefa de estudar e entender a estrutura de classes e suas relações. Isto em todos os níveis: na vila, no município, no estado, no país, no mundo. Precisa entender que a classe social a quem verdadeiramente interessa a transformação da sociedade é o operariado, principal gerador da riqueza no capitalismo.
A teoria que é verdadeiramente revolucionária, a teoria do ponto de vista do operariado, que se contrapõe às concepções burguesas, é a teoria formulada por Marx e Engels. Importantes revolucionários como Lenin, Gramisc, entre outros, deram decisiva contribuição teórica para quem luta pela transformação social.
UMA SOCIEDADE SÓ SOBREVIVE SE HÁ TRABALHO QUE TRANSFORME A NATUREZA
Uma sociedade só sobrevive se há trabalho que transforme a natureza. Esta necessidade independe do modo de produção, seja primitivo, asiático, escravista, feudal, capitalista ou comunista. São os trabalhadores que interagem com a natureza direta ou indiretamente (no caso de já atuarem sobre a matéria-prima) que produzem toda riqueza material que a sociedade necessita. Sem o trabalho destes não tem como existir sociedade.
"O trabalho, como criador de valores-de-uso, como trabalho útil, é indispensável à existência do homem – quaisquer que sejam as formas de sociedade -, é necessidade natural e eterna de efetivar o intercâmbio material entre o homem e a natureza e, portanto, de manter a vida humana.” Karl Marx - O Capital- Livro I Volume 1 - pag. 64/65 - Ed. Civilização Brasileira 20ª Edição
PARA EXISTIR CAPITALISMO É NECESSÁRIA A PRODUÇÃO DE MERCADORIAS
Para existir capitalismo é necessária a produção de mercadorias. A divisão social do trabalho é condição para que exista produção de mercadorias. O produto final é resultado do trabalho coletivo. Esta condição repercute diretamente sobre o trabalhador.
TRABALHO CONCRETO
Definimos trabalho como criador de varlor-de-uso, trabalho útil, concreto, “eterna necessidade da vida social” sem o qual não existe homem na face da terra.
Trabalho concreto, útil, é a produção de valores-de-uso e nesta condição interessa sua qualidade: mesa, cadeira, casaco, prédio etc.
TRABALHO ABSTRATO
No processo de produção de mercadorias surge uma nova categoria. É o trabalho abstrato. “O trabalho abstrato se refere à produção de mais-valia. Tudo que produz mais-valia é trabalho abstrato.” Sérgio Lessa - Trabalho, trabalho abstrato, trabalhadores e operários.
Trabalho abstrato é “dispêndio de força humana de trabalho”(Karl Marx), substância que iguala o trabalho social pela média, independente do produto final. É a substância que permite definir o valor contido nas mercadorias. Aqui só interessa a quantidade e a duração de seu tempo de trabalho humano do que seja produzido. É a substância que na relação entre as mercadorias, define o valor-de-troca.
“Se o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho gasta durante sua produção, poderia parecer que, quanto mais preguiçoso ou inábil um ser humano, tanto maior o valor de sua mercadoria, pois ele precisa de mais tempo para acabá-la. Todavia, o trabalho que constitui a substância dos valores é o trabalho humano homogênio, dispêndio de idêntica força de trabalho. Toda força de trabalho da sociedade – que se revela nos valores do mundo das mercadorias – vale, aqui, por força de trabalho única, embora se constitua de inúmeras forças de trabalho individuais. Cada uma dessas forças individuais de trabalhos se equipara às demais, na medida em que possua caráter de uma força média e trabalho social e atue como esta força média, precisando, portanto, apenas do tempo de trabalho em média necessário ou socialmente necessário para a produção de uma mercadoria.” Karl Marx - O Capital – Livro I volume 1 – Pagina 60-61- Ed. Civilização Brasileira 20ª Edição.
Temos então duas categorias. A primeira chamamos de trabalho concreto ou simplesmente trabalho, “eterna necessidade da vida social”, que de fato produz valores-de-uso, independente destes valores-de-uso se transmutarem ou não em mercadoria. É o trabalho concreto, útil. A segunda, trabalho abstrato, uma categoria específica da sociedade capitalista, uma sociedade voltada a produzir mercadorias cujo objetivo é extrair mais-valia. É a substância que fornece unidade e referência de valor na relação de troca.
Temos a transmutação do trabalho em trabalho abstrato; de valor-de-uso em mercadoria. Os produtos vão ao mercado para que o capitalista possa realizar o mais-valor.
“Em todos os estágios sociais, o produto do trabalho é valor-de-uso; mas só um período determinado do desenvolvimento histórico, em que se representa o trabalho despendido na produção de uma coisa útil como propriedade “objetiva”, inerente a essa coisa, isto é, como seu valor, é que transforma o produto do trabalho em mercadoria.” Karl Marx – O Capital –Livro I volume 1 – Página 83 - Ed. Civilização Brasileira 20ª Edição
MESMO NO CAPITALISMO AVANÇADO QUEM DE FATO GERA RIQUEZA É O TRABALHO OPERÁRIO.
Agora ficou fácil entender quem de fato produz riqueza no capitalismo. É o “ trabalho operário, aquele que, nas sociedades capitalistas é, por essência, o típico intercâmbio orgânico com a natureza. Ao transformar a natureza o trabalho operário produz uma riqueza antes inexistente. A quantia total da riqueza social se acresce com cada minuto de trabalho operário, pois ele, ao converter natureza em bens sociais, produz o “conteúdo material da riqueza””. Sérgio Lessa -Trabalho, trabalho abstrato, trabalhadores e operários.
Mesmo no capitalismo avançado quem de fato gera a riqueza é o trabalho operário. Com a dinâmica complexa imposta pelo capitalismo, surgem novas práxis sociais que apesar das aparências, quem lhes dá sustentação é a riqueza produzida pelo trabalho operário.
Temos então que uma parte do trabalho abstrato que produz mais-valia tem origem no trabalho operário, e “outra parte, realiza a transformação desta mais-valia em dinheiro”(Sergio Lessa).
Temos uma riqueza gerada pelo trabalho do operário. Para esta riqueza se transformar em dinheiro é necessário toda uma mobilização na área da distribuição, na comercialização, etc. Sem isto, o capitalista que investe na produção não se apropria da mais-valia gerada pelo trabalho dos operários nem tem de volta o valor que investiu em matéria-prima, maquinário etc. e em salários.
O ASSALARIADO OPERÁRIO GERA RIQUEZA E VALORIZA O CAPÍTAL, O ASSALARIADO NÃO OPERÁRIO APENAS VALORIZA O CAPITAL
O capital industrial se apropria de parte da mais-valia gerada no processo de produção e “libera” outra parte para o capital que atua na distribuição, finanças ou em outros setores da sociedade. Esta divisão é necessária para transformar todo o investimento e a mais-valia em dinheiro. Para comercializar as mercadorias ou viabilizar outras atividades não ligadas ao ato de produzir é contratado trabalho assalariado. Este trabalho assalariado que não atua diretamente na produção, não gera mais riqueza, mas gera mais-valia ao capitalista do ramo comercial, financeiro, etc. Para o capitalista tanto faz se apropriar da mais-valia do assalariado que atua diretamente na produção ou em outra atividade. O assalariado operário gera riqueza e valoriza o capital. O assalariado em outras atividades não gera riqueza, apenas valoriza o capital.
“Para ficarmos com Marx, peguemos os dois exemplos que o debate tornou clássico: o da cantora de ópera e do mestre escola. Ambos podem produzir mais-valia na condição de ter sua força-de-trabalho comprada por um capitalista. O burguês sai do negócio com seu capital ampliado: o arrecadado com os bilhetes ou com as mensalidades escolares é um montante maior do que ele pagou pelo trabalho do professos, ou da cantora, somado aos “custos” do negócio. A geração desta mais-valia se deu sem a transformação da natureza: o dinheiro que as pessoas tinham no bolso e que repassaram ao capitalista como pagamento dos bilhetes da ópera, ou das mensalidades escolares, se transformou em capital nas mãos do burguês. Se os consumidores tiraram de seus bolsos 20 reais, estes mesmos 20 reais entraram no bolso do capitalista. É, portanto, uma mera troca de notas de um bolso no qual as notas servem para consumo, para outro bolso, no qual cumprem a função de capital. A riqueza total da sociedade permaneceu precisamente a mesma, nem um grão foi acrescida por esta troca de notas entre o bolso do consumidor e o bolso do capitalista. Esta é a acumulação de mais-valia pela transformação de dinheiro em capital.” Sérgio Lessa - Trabalho, trabalho abstrato, trabalhadores e operários.
O resultado desta equação, é que quase toda riqueza existente na sociedade capitalista é gerada pelo trabalho do operariado. “Sendo o trabalho operário a origem de toda a riqueza social ( o que não quer dizer, atenção, a única fonte de mais-valia, como vimos), isto significa que todo o restante da sociedade vive da sua exploração. Ou seja, a única classe que vive do seu próprio trabalho é a classe operária. Por esta razão é esta a única classe social para a qual a extinção da propriedade privada é condição primeira para sua emancipação. Todas as outras classes vivem, direta ou indiretamente, da exploração do trabalho operário e têm, por isso, na propriedade privada os meios de produção condição de sua existência.” Sérgio Lessa - Trabalho, trabalho abstrato, trabalhadores e operários.
Esta é a forma dominante, por isto é capitalismo. Convive com outras formas.
O CAMPONÊS NÃO FAZ PARTE DO TRABALHADOR COLETIVO MAS TAMBÉM PRODUZ RIQUEZA
O camponês não faz parte do trabalhador coletivo mas também produz riqueza. Em seu trabalho autônomo e familiar, produz para sua subsistência. Não produz mais-valia, não há aqui uma relação capitalista de produção, pois é dono do fruto de seu próprio trabalho. Mas quando o camponês leva o resultado de seu trabalho ao mercado não tem poder de competir com os preços de produto similar, fruto da produção de unidades capitalista agrícola, onde o trabalho é assalariado e coletivo.
CONTRADIÇÃO INSOLÚVEL NOS LIMITES DO CAPITALISMO
Como o trabalho operário é a força que de fato gera riqueza é a classe social mais sujeita à exploração e ao domínio do capitalista. Esta é contradição insolúvel nos limites do capitalismo.
O assalariado operário e o assalariado não operário mantêm relação diferente com a produção. O assalariado operário “mete a mão na massa” e de fato gera riqueza. O assalariado não operário tem a função de controle, distribuição, vendas etc., e não gera nenhuma riqueza. Todos estão sob controle do capitalista mas o rigor é total quando se trata do assalariado operário.
PROLETARIADO É O ASSALARIADO OPERÁRIO
Para nós, proletariado é o assalariado operário. É quem verdadeiramente só tem a ganhar com a revolução comunista. Como é quem produz riqueza de forma abundante, tem potencial para romper com a exploração capitalista, aglutinar em torno de seu projeto as demais classes sociais exploradas (assalariados não operários, camponeses, etc.)
CLASSE SOCIAL COM POTENCIAL PARA TRANSFORMAR A SOCIEDADE
É a classe social que tem em potencial condição e poder para construir uma sociedade sem classes sociais, onde os produtores livremente associados possam construir um mundo liberto das carências materiais, uma sociedade livre de qualquer tipo de opressão. É a única classe social que em potencial tem condição e poder de libertar a humanidade da barbárie. “É esta a única classe social para a qual a extinção da propriedade privada é condição primeira para sua emancipação.” Lessa
Esta concepção formulada por Marx se mantém atual. Outros caminhos formulados por diversas vertentes teóricas não passam de ilusões reformistas nos limites da exploração capitalismo. Não por acaso a humanidade vive hoje um dos maiores dramas de sua história: aprofundamento em massa da exploração, violência e barbárie.
Aos militantes que acreditam na possibilidade da construção de uma nova sociedade, cabe a tarefa de estudar e entender a estrutura de classes e suas relações. Isto em todos os níveis: na vila, no município, no estado, no país, no mundo. Precisa entender que a classe social a quem verdadeiramente interessa a transformação da sociedade é o operariado, principal gerador da riqueza no capitalismo.
A teoria que é verdadeiramente revolucionária, a teoria do ponto de vista do operariado, que se contrapõe às concepções burguesas, é a teoria formulada por Marx e Engels. Importantes revolucionários como Lenin, Gramisc, entre outros, deram decisiva contribuição teórica para quem luta pela transformação social.
Bom dia, Carlos
ResponderExcluirTrabalho na TV Brasil, em um programa chamado VERTV. Esta semana vamos falar do PL 116, como posso fazer para gravar uma entrevista com você? Meu email é alessandra.souza@ebc.com.br