Marx vive
Pável Blanco Cabrera*
Se a obra de Marx se limitasse ao
Manifesto do Partido Comunista ou a O Capital seria já uma realização
gigantesca. Mas é muito mais ampla, porque nada de humano lhe era estranho;
cada descoberta científica, cada argumento levantado por ele arma os explorados
e todas as classes oprimidas contra os exploradores, contra a classe dominante,
a classe burguesa. Estudar a sua obra integralmente, assimilar a dialéctica, é
uma obrigação para os revolucionários que aspiram a mudar o mundo.
“A 14 de Março, às quinze para as três da tarde, deixou de pensar
aquele que foi o maior pensador do nosso tempo. Deixámo-lo apenas dois minutos
sozinho e, quando voltámos, encontrámo-lo dormindo suavemente na sua cadeira,
mas para sempre.”
Friedrich Engels
As contribuições de Karl Marx são actuais; a sua obra, elaborada
em conjunto com o seu íntimo camarada F. Engels, desenvolvida e enriquecida por
V. I. Lenine, é o guia para a emancipação do proletariado e de toda a
humanidade.
Marx foi um homem de teoria e acção; com ele, a dissociação entre
ser e pensar, velho problema da filosofia, foi superada pela primeira vez,
pois, como afirmou nas Teses sobre Feuerbach, não se trata apenas de
interpretar o mundo, mas de transformá-lo.
A sua obra não se limita ao Manifesto do Partido Comunista, ou a O
Capital, é muito mais ampla, porque nada de humano lhe era estranho; cada
descoberta científica, cada argumento levantado por ele, arma os explorados e
todas as classes oprimidas contra os exploradores, contra a classe dominante, a
classe burguesa. Estudar a sua obra integralmente, assimilar a dialéctica, é
uma obrigação para os revolucionários que aspiram a mudar o mundo.
Surpreende a actualidade da sua conclusão científica, ao estudar o
modo de produção baseado na propriedade privada e no trabalho assalariado, de
que o «sórdido segredo da exploração capitalista é a mais-valia».
O marxismo é o materialismo dialéctico, o materialismo histórico,
a economia política, o socialismo científico, e deve ser integralmente
assimilada pelos trabalhadores do mundo. Houve tendências positivistas,
dogmáticas, mecanicistas, que, pondo de parte o materialismo dialéctico,
corromperam a teoria revolucionária.
Marx integrou de forma contundente no seu trabalho a ditadura do
proletariado, a violência revolucionária como parteira da história, a classe
trabalhadora como sujeito da História, coveira do capitalismo. Quão
surpreendente é que alguns dos que se dizem seus seguidores neguem qualquer um
desses elementos essenciais. Marx voltaria a sua pena afiada contra esses
“académicos” que o negam, que procuram suavizá-lo, convertendo-o em “teoria
crítica”, anulando o seu carácter subversivo, partidário, determinado a não se
deixar acorrentar às paredes da universidade. Que falácia a dos que querem
limitá-lo a um democrata, um humanista, um sonhador. O Prometeu de Tréveris foi
um homem de partido, um militante, um conspirador e escreveu, não para a
carreira, não para obter um mestrado ou um doutoramento, mas para dar elementos
à luta de classes. Não fez da academia o abrigo confortável, assumiu as
consequências de ser revolucionário profissional: a perseguição, o exílio, a
fome.
Quanto dano fazem aqueles que negam a teoria nos factos, esses
pragmáticos que não têm a disciplina e a abnegação que o estudo e a produção
teórica requerem, mas também aqueles que produzem uma “teoria” que não
contribui nada, procurando emendar o marxismo-leninismo, que, pelo ego,
procuram publicar textos ininteligíveis para a nossa classe. Há que enriquecer
o marxismo, estreitamente vinculado ao conflito social, ao fortalecimento dos
partidos comunistas, tendo em conta a evolução da ciência, as experiências do
proletariado.
Marx e Engels sempre observaram a necessidade de o proletariado se
tornar classe, mas também o carácter internacionalista da sua luta; a senha
lançada no início da Revolução de 1848 está tão viva como sempre: Proletários
de todos os países, uni-vos! Para enfrentar o capital internacional, o
imperialismo eufemisticamente chamado de globalização ou mundialização. Não
importa se é mexicano, ou alemão, ou americano, venezuelano, colombiano, cubano
ou grego, hoje a luta dos trabalhadores é contra o poder dos monopólios, classe
contra classe; hoje, a luta é entre capital e trabalho.
Na Crítica ao Programa de Gotha e em vários outros textos, Marx
definiu uma alternativa anticapitalista, o socialismo-comunismo, não andou pela
rama do tacticismo. Desde o Manifesto insistiu, com Engels, que os comunistas
devem apresentar-se com o seu programa, com franqueza, sem o esconder, dados os
limites históricos do capitalismo. Hoje alguns dizem-se marxistas, mas quando
se fala sobre a alternativa ao capitalismo, chamam-lhe pós-capitalismo, ou
dizem que é uma questão para discussão posterior. Marx deu-lhe nome e conteúdo,
chama-se socialismo-comunismo e é baseado na ditadura do proletariado, na
socialização dos meios de produção.
Marx continua em vigor nos dias de hoje, em que a economia segue
ciclos descobertos por ele e está em crise. Em vão o mataram tantas vezes, pois
sempre regressa à consciência da classe operária e de todos os oprimidos.
Marx, o comunista, o homem de Partido, jornalista de classe e
democrata, o revolucionário, o internacionalista, o homem da teoria e da
prática, Marx vivo.
*Primeiro Secretário do Partido Comunista do México
Traduzido por André Rodrigues P. da Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário