domingo, 22 de novembro de 2009

Para onde vamos?


Em entrevista, Heloísa Helena declarou o seguinte: "Marina é uma pessoa maravilhosa e, pelo perfil dela, é a única oportunidade para o país para discutir o desenvolvimento sustentável com responsabilidade social. Qualquer outro partido que venha com esse discurso soará como uma coisa hipócrita". Declarou em entrevista ao UOL Notícias.

No dicionário iDicionário Aulete (http://aulete.uol.com.br/) nos aponta o seguinte sentido para a palavra hipócrita:

1. Que simula ter uma qualidade ou sentimento que não tem, ou finge ser verdadeira alguma coisa (sabendo que não o é); FINGIDO; FALSO
2. Em que há hipocrisia (sorriso hipócrita).

Partindo da premissa que Heloísa Helena fala o que acredita e logo não é hipócrita, concluímos: ou está redondamente enganada ou mudou definitivamente de lado. Em qualquer das hipóteses é uma grande perca dos trabalhadores na luta pelo socialismo.

Mas o PV já faz discurso hipócrita.

Apesar de um passado de militância respeitável, Marina Silva foi fiel seguidora do receituário adotado pelo governo Lula. Como ministra, fez uma série de concessões para não atrapalhar o avanço do agronegócio e das grandes fazendas que avançam sobre a floresta amazônica. Ainda mais, saiu do PT dizendo que deixa o que era sua casa e ganha um bom vizinho. Então, se poucas palavras bastam para um bom entendedor, as contradições com o modo PT de governar foram suficientes para desligar-se, mas não o suficiente para caminharem em rumos diferentes. As portas continuam escancaradas para que ambos estabeleçam alianças.

O PV já faz isto: é base aliada do governo Lula; aliado de Blairo Maggi em Mato Grosso, apontado pelo GREENPEACE como a personalidade brasileira que mais contribuiu para a destruição da Amazônia; apoio ao governo José Serra em São Paulo; no Maranhão está sob domínio direto da oligarquia Sarney, etc.etc.etc. Este é um partido que se apresenta como salvador da humanidade, mas só presta serviços à burguesia.

Para ser coerente com sua postura diante do governo Lula, Marina Silva não podia encontrar partido melhor: o PV.

Enquanto ministra, quando ela se articulou com os setores organizados (ou desorganizados) dos trabalhadores para questionar o modelo de preservação ambiental adotado pelo governo Lula?

O PSOL não deve ser correia de transmissão da demagogia e promotor da conciliação de classes.

Sob o capitalismo, conseguir “desenvolvimento sustentável e com responsabilidade social”? Impossível. São da natureza do capitalismo a concentração da renda e a desigualdade social. Então temos necessariamente que construir uma frente anticapitalista que aglutine forças para lutar pela construção de uma sociedade com desenvolvimento sustentável, ou seja, uma sociedade socialista.

É possível pleno emprego nos limites do capitalismo?

Com a grave crise do capitalismo na década de 30 do século passado, John Maynard Keynes advogou a necessidade de o estado fazer fortes investimentos em setores estratégicos da economia para ser alcançado o bem estar social. O resultado seria um mundo de felicidade, com pleno emprego.

Diante da possibilidade de colapso do capitalismo, os governos das mais importantes economias do mundo começaram a seguir esta cartilha. Mas o sonho do pleno emprego ficou apenas nas páginas dos livros de Keynes e seus seguidores. Aconteceu foi forte processo de concentração da riqueza.

A armadilha dos atalhos.

Não é hora de pregar ilusão e nem fazer atalhos. A história dos “socialistas” após Stalin assumir o poder na Rússia tem sido fazer atalhos. Ou ficaram perdidos ou aderiram às concepções burguesas. Não chegaram a nenhum lugar.

Devemos agir no sentido de aglutinar as forças que de fato têm interesses em lutar por uma nova sociedade. Na atual conjuntura, fazer alianças com Marinha Silva e o PV é desviar deste objetivo, é o retorno à política de conciliação de classes, é abdicar do programa e do respaldo que o PSOL tem hoje entre parcelas significativas dos trabalhadores e do povo. É não ter mais possibilidade de voltar ao caminho original, é perder totalmente a credibilidade. Credibilidade só se perde uma vez. É o começo do fim do PSOL enquanto uma perspectiva de revolução socialista.

Temos que suar a camisa.

Reconhecemos que temos ainda que fazer muito, que suar a camisa, mas sempre com o propósito de manter o combate ao governo Lula, à oposição de direita (PSDB/DEM) e dar continuidade ao desafio da organização da classe trabalhadora, combater a pobreza e a concentração de renda. É caminhando nesta direção que poderemos não só criar o poder que elimine a exploração sobre os trabalhadores como de fato preservar o meio ambiente. Não há possibilidade de isolamento se o PSOL defender os interesses autênticos dos trabalhadores e souber estabelecer um programa que aglutine as forças anticapitalistas.


A opção é Plínio de Arruda Sampaio
Diante das divergências internas e a opção de Heloísa Helena ser candidata a Senadora por Alagoas, podemos até ter perca eleitoral. Mas o PSOL não pode ficar refém de uma liderança e ficar guiando sua política exclusivamente pela quantidade de votos. Marina não “é a única oportunidade para o país para discutir o desenvolvimento sustentável com responsabilidade social“.

Marina nem representa esta oportunidade. O que Heloísa Helena propõe é darmos uma guinada no rumo da conciliação de classes.
Lançamos candidato à presidência outro companheiro: Plínio de Arruda Sampaio. É ótima opção e está disposto a defender um programa socialista.

Com Plínio, vamos expor ao debate o que representa este governo e a oposição de direita, discutir os caminhos que podem levar o Brasil a uma democracia plena, como nos libertar da espoliação imperialista, como nos ver livre da dívida pública, como combater a corrupção, como caminharmos para que os trabalhadores tenham seus direitos respeitados e garantidos, como organizar a produção e eliminar o processo de concentração da riqueza, como democratizar e modernizar o uso e cultivo da terra, como fazer para que nossas riquezas, como o pré-sal, não sejam entregues ao grande capital seja nacional ou imperialista, como construir uma sociedade que garanta os direitos plenos do ser humano.

Vamos trabalhar para consolidar e fortalecer a frente anticapitalista.

O horizonte é o socialismo.

Para sobreviver o capital destrói a vida. Não interessa ao capital a preservação ambiental. Usa esta bandeira apenas como propaganda demagógica. As empresas que mais prejudicam o meio ambiente são as que mais falam em preservação da natureza. Vejam as campanhas das grandes mineradoras (Vale, por exemplo), das indústrias de papel e celulose e das grandes siderúrgicas. Veja a propaganda da Natura, empresa do pretenso Vice de Marina Silva.

Não é possível a construção de uma sociedade socialista sem a mínima organização da classe trabalhadora. É este o papel e o árduo trabalho a ser realizado pelo PSOL.

Para ser uma ferramenta política e de organização dos trabalhadores não pode desviar da luta pelo socialismo. Devemos definir um programa que tenha clareza quanto aos interesses de classes e combinar uma tática de resistência e avanços, dentro de uma estratégia da revolução socialista.

Diante da crise mundial e do desemprego estrutural, temos que lutar pela garantia dos direitos básicos dos trabalhadores. Defender a extensão do salário desemprego para até enquanto estiver desempregado, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanal, obrigatoriedade de financiamento de moradia com zero de juros para todos os trabalhadores com ou sem carteira assinada, salário educação para os jovens de 18 a 24 anos, plano de saúde universal e gratuito, educação de qualidade pública e gratuita, bolsa família para as crianças e jovens até 18 anos membros de famílias com renda inferior ao básico para sobrevivência.

Um modo de produção que não garante ao ser humano condições elementares de sobrevivência deve ser destruído e os trabalhadores devem comandar os destinos da nova sociedade.

Vamos orientar nossa política e intervir no sentido do enraizamento do partido no seio dos trabalhadores e setores explorados. Isto só acontecerá se o partido representar seus interesses. É aqui que está a força e a base da nova sociedade.

Vamos romper com a cultura rebaixada e cômoda da escolha entre o ruim e o menos ruim. Temos que construir o melhor. Vamos elevar nossa auto-estima e trilhar pelo caminho, sem atalho, que seja o processo de construção da sociedade socialista.

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