Dia 27 de outubro de 2009, no Jornal Folha de São Paulo tinha uma matéria com o seguinte título: “Sudeste lidera rankink de trabalhadores em situação análoga à escravidão”.
No conteúdo da matéria tínhamos a informação de que “entre janeiro e 11 de setembro, dos 2.216 trabalhadores encontrados em situação degradante e resgatados, 729 deles (33%) estavam na região mais populosa e rica do país. A quantidade de resgates no Sudeste é puxada por Rio (361) e Minas Gerais (270). Somente uma operação do grupo móvel de fiscalização no interior fluminense resgatou 280 trabalhadores na cana-de-açúcar”.
Em final de outubro/2009 os telejornais não se cansavam em mostrar cenas de guerra como a queda de um helicóptero da Polícia Militar em operação nas favelas do Rio de Janeiro, atingido por tiro de defensores do tráfego. Em São Paulo é comum conflitos envolvendo Policiais e favelados.
A violência tomou conta do Brasil. Não há cidade onde seja possível sair tranqüilo sem a possibilidade de ser assaltado. Mesmo na zona rural, os assaltos são freqüentes.
Onde há capital, há miséria e também violência.
Estamos vivendo um estado de barbárie?
Tudo indica que este é o legado do capital monopolista. No Brasil seus efeitos são bem transparentes: super concentração de renda e ampliação da pobreza. O índice de desemprego estrutural é alarmante. Milhões se amontoam nas favelas em todas as metrópoles do país. Aí a presença do Estado é quase zero: não oferece segurança, educação, saúde, saneamento; o Estado nada garante a esta população a não ser demagogia em período eleitoral.
É evidente que os de baixo não vão ficar quietos. Estão procurando meios de vida a qualquer custo. Um destes meios é o tráfego de drogas. Mas quem vive do tráfego de drogas é uma minoria. Estes traficantes e a Polícia submetem a multidão que vive nas favelas a um verdadeiro estado de guerra.
Além de não constituir nenhuma garantia de sobrevivência para os de baixo, que são a absoluta maioria, o capital ainda submete milhares de trabalhadores a regimes de trabalho semelhante à escravidão, conforme reportagem mencionada acima. “Ao lado de um canavial sempre tem miséria” comentou o sociólogo Esmeraldo Lopes. Onde tem uma fábrica, sempre há muitos desempregados, refleti diante da observação sobre o canavial.
Não é difícil perceber que apesar de ter desenvolvido enormemente as forças produtivas, o capitalismo é hoje o principal entrave ao desenvolvimento da humanidade.
O capitalismo tem esta contradição insolúvel: para explorar ao máximo a força de trabalho, precisa de um exército de desempregados disposto a entrar em atividade quando o capital precisar. Sem desempregado, não há capitalismo. O desemprego é quem gera o estado de miséria a que está submetido milhões de pessoas.
Para se ver livre da miséria, é necessário também se ver livre do capitalismo.
Os trabalhadores lutam cotidianamente por emprego e melhores salários. Mas diante de qualquer crise ou desenvolvimento tecnológico, são lançados no desemprego e na melhor das hipóteses, seus salários rebaixados. Com a onda neoliberal, querem lhes arrancar todos os direitos trabalhistas.
A luta por melhores salários é fundamental, mas não é suficiente. Para resolver definitivamente a questão salarial é necessário superar o modo de produção. Capitalismo com desenvolvimento sustentável é lorota: no primeiro sinal de crise, os prejuízos serão lançados na contabilidade dos trabalhadores.
É hora de pensar uma sociedade socialista onde a produção da riqueza que hoje já é coletiva, seja também apropriada de forma coletiva.
Com o alto desenvolvimento das forças produtivas e conhecimento assimilado pelos trabalhadores, não é mais necessário que uma “meia dúzia” de capitalistas parasitas se aproprie da riqueza produzida.
É necessário romper com o capitalismo e construir uma sociedade onde não há escravidão do trabalho assalariado, onde os homens livremente associados produzam e coletivamente se apropriem do que é necessário para uma boa vida. Assim haverá condição real de eliminar os problemas da violência, favelas ou guerras. Terão sim condições de melhor conhecer a natureza e estabelecer relações de humanidade e de paz.
Carlos Lopes
02 de outubro de 2009
Então. Quer dizer que a culpa da miséria e desgraça do povo seria o nosso sistema? Se mudança de sistema fosse solução, paises como Cuba e Coréia do Norte seriam paraísos. Muito diferente, são verdadeiros inferno. Será que os exemplos deixados pelos países socialistas e comunistas não são bastante? Produziram apenas miséria, fome, caos, desigualdade, injustiça e ditadores psicopatas.
ResponderExcluirAtribuir a principal culpa aos gestores desse tal sistema não seria mais racional? Você, por acaso, sabe que quem gere, quem administra, quem manipula, quem comanda tudo isso é um ser (irracional) chamado homem, com toda sua imperfeição e características de: maldade, violência, egoísmo, corrupção, etc? Lidar com o ser humano é mais complexo do que se pode imaginar. Portanto, extinguir, eliminar tais traços de nossa sociedade (corrupção, desigualdade, violência, guerra, etc.), enquanto existir a espécie humana, é o mesmo que acreditar em saci-pererê, duendes e papai Noel.
Seria o socialismo e/ou comunismo sistemas perfeitos? Seriam eles geridos por extraterrestres, ou algum santo? Quem sabe, os adeptos de Karl Marx – diferentes dos mortais, seres perfeitos, honestos, incorruptíveis, super-evoluidos, super-inteligentes, graduados em gestão e superdotados de bom senso - fossem as pessoas indicadas para tal. O importante é compreender que qualquer sistema, qualquer regime já seriam falhos quando criados, inventados e geridos pelo homem.
Concordo que temos que perseguir e achar meios para diminuir a desigualdade entre as pessoas; trabalhar para propiciar dignidade ao ser humano, porém, com discursos que tenham consistência, possíveis de emplacar no âmbito da prática, a invés de discursos recheados de teorias utópicas, de fantasias típicas de romances. Ter bom senso para distinguir o que é lógico, real e o que é ficção; não viver em fantasias, distorcidas por miopias ideológicas, que atrapalham a compreensão do mundo real.
Bem, acho que a mudança proposta seria em outra, ou outras esferas. Também, acho que estamos buscando o mesmo ideal, o mesmo objetivo, porém, por estradas diferentes. Caso enveredemos em caminhos errados, estaríamos perdendo tempo. Pense nisso!
Tenho certeza de que você ainda não entendeu que não adianta tentar direcionar e comparar desenvolvimento econômico e social de paises(Cuba, Coréia do Norte etc) que tentam manter uma experiência de regime socialista tendo como referência centros que se submetem ao Imperialismo e à ordem de consumo para dizer que há miséria nesses referidos paises, lembre-se que o embargo é imposto pelos mesmos paises democráticos e ricos.
ResponderExcluirVocê entra em contradição no ponto que defende o tal regime capitalista, justificar que é da natureza do homem causar o mal ao seu semelhante, e com isso, tirar das costas do capitalismo esse fardo. É exatamente ai, no ponto em que um sistema econômico força o ser humano a tomar atitudes de escravidão e exploração do seu semelhante - como bem coloca o texto de Carlos Lopes - que nos impulsiona contra esse sistema. Queremos um "novo homem" e para alcançar esse objetivo precisamos destruir a doença que o infecta - o capitalismo - tornando-o cada vez mais esse ser maldoso, violento, egoísta, corrupto, desigual e apreciador de guerras.
Não são os conhecedores da teoria Marxista ou os comunistas que propiciarão a mudança e a direção, muito menos extraterrestres - assim como você desse num comentário que o brasileiro não tem capacidade de gerir suas empresas -, Marx e Lenin já dizia e nós apenas procuramos conscientizar a única classe que pode implantar e manter o socialismo, a dos trabalhadores, que eles se organizem e tomem o poder da produção e da distribuição da riqueza produzida pela mais-valia.
Não perca seu tempo procurando o bem estar da população no modo de produção capitalista, isso é história da carochinha ou contos de fadas, assim como os políticos fazem suas promessas de progresso e redenção de uma cidade através de mágicas que nem mesmo eles acreditam.
Não é em nossa mudança de discurso, muito menos nos meios que utilizam que se justificarão os fins, mas sim numa tomada de consciência de classe que se encontrará a saída para essa barbárie que infelizmente só tende a crescer.
LENDO O BLOG DO WILSON DESCOBRI O SEU, TA MUITO LEGAL...VISITE O MEU TAMBÉM.OBRIGADO
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