quarta-feira, 21 de abril de 2010

Com 50 anos, Brasília é o retrato da desigualdade social.

Segundo estimativa do IBGE em 1 de julho de 2009, Brasília tinha 2.606.885 habitantes.

É a metrópole com maior renda per capita do país.
Esta informação esconde toda uma realidade de desigualdade social. O próprio IPEA, órgão de pesquisa econômica do governo federal constatou que o índice de concentração de renda (Índice de Gini: quanto mais próximo de 1, mais desigual) em 1978 era do DF 0,55, enquanto no Brasil era de 0,60.

Em 2008 no DF foi constatado o índice de 0,63 enquanto no Brasil foi de 0,55.
Principalmente a partir de 2001 houve uma leve tendência de redução da desigualdade social a nível nacional, mas em Brasília aumentou consideravelmente.

Este contraste faz parte da vida cotidiana dos trabalhadores que vivem na periferia. Estão sujeitos à violência, ao sofrimento e à morte como nos desabamentos e inundações ocorridos este ano nos principais centros econõmicos do Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo. A reportagem publicada no sítio do Jornal o Estado de São Paulo em 21/04/2010 nos mostra uma imagem do que é esta realidade na cidade com maior poder aquisitivo do país:

“ Brasília é cartão-postal cercado pela miséria.

Os pontos cardeais de uma rosa-dos-ventos afixada no meio do Plano Piloto indicariam um mesmo destino: cidades empobrecidas e violentas, que costeiam as linhas do quadrilátero que define o Distrito Federal. Em Brasília, não importa a direção tomada: todo trajeto entre o avião desenhado pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa e o Entorno - a região que encapsula de violência e miséria a capital - é sempre uma viagem aos grotões.

No centro dessa rosa-dos-ventos imaginária fica o Plano Piloto, a imagem da capital dos cartões postais, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de países europeus. No Lago Sul, por exemplo, o índice chega a 0,945 - em uma escala de 0 a 1, sendo 1 o grau máximo de desenvolvimento humano -, comparável ao da Alemanha.

O Lago possui, dizem estatísticas, a segunda maior concentração de piscinas por habitante do mundo, renda per capita superior a R$ 50 mil e 100% da população abastecida com água potável. O "avião" e seus anexos de alta renda registram, em média, 14 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes por ano.

Ao Norte, está Planaltina de Goiás, com IDH de 0,723, um índice boliviano, uma taxa de pobreza que atinge 48,01% da população e 32,8 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Ali há, de acordo com o levantamento mais recente do IBGE, 50 leitos públicos do SUS para uma população de 79.651 pessoas. A rede geral de esgoto, diz a prefeitura, chega a apenas 106 domicílios.

Assassinatos

A Oeste, fica Águas Lindas de Goiás, onde a mortandade atinge 38,6 homicídios por grupo de 100 mil habitantes. Uma cidade peculiar, onde um prefeito foi cassado e o interventor no município designado pelo governo de Goiás, foi processado por usar a interinidade para se locupletar. A cidade registra a média de 38,6 assassinatos por grupo de 100 mil habitantes, uma incidência de pobreza que atinge 42,8%, um IDH de 0,717, que a coloca em situação inferior a de Guiné Equatorial, na África, país que ocupa 118 lugar no ranking mundial.

No Sul, estende-se um conglomerado de cidades violentas, onde se destaca Luziânia, campeã de violência do Entorno, com o maior Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) da região Centro-Oeste e o 15.º em todo o País. É a terra natal do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, que irrigou o Entorno com populismo, assentamentos e favelas, compondo um viveiro de votos fáceis.

A Leste, está Unaí, uma terra que leva para os limites da capital a violência dos conflitos agrários. Aí foram assassinados três fiscais do Ministério do Trabalho que investigavam as condições trabalhistas em fazendas da região. Os mandantes: o poder político local. A cidade, a 170 quilômetros de Brasília, já entrou no radar das autoridades como uma espécie de entreposto de trabalho escravo.”


Esta realidade é uma mostra significativa de que a burguesia não tem interesse em melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. Nem mesmo um jornal a serviço dos interesses da burguesia pode esconder esta situação.

Quando falam em progresso e modernidade é progresso e modernidade para a burguesia. Na lógica capitalista a existência de trabalhadores que imploram por emprego é uma necessidade. Isto é necessário para que não haja aumento significativo dos salários e haja mão de obra farta, disponível para ser contratada a baixo custo. Como conseqüência, péssimas condições de vida para os trabalhadores e seus familiares.

Diante do caos das condições de vida da maioria da população, a burguesia apresenta seus políticos com a carapuça de defensores do povo propondo reformar o capitalismo para um desenvolvimento sustentável. Dilma e Serra se prestam muito bem a este serviço.

É necessário construir uma nova caminhada que questione toda estrutura da atual sociedade. Precisamos entender a realidade e agir na política. Acreditando neste começo e nas eleições de 2010 estamos nos articulando em torno da candidatura a presidência de Plínio de Arruda Sampaio do PSOL. É uma candidatura que está se propondo a mudar o rumo e apontar a caminhada na direção do socialismo.

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